20 de mai. de 2016 | By: @igorpensar

Heróis: há vagas?

Nossa cultura inventou a noção de que todo mundo tem que ser muito bom, gênio e bem sucedido de acordo com os critérios de sucesso das novelas, dos filmes e dos livros. Ser bem sucedido pode ser, no fim, pura performance estética, sem qualquer consistência metafísica.

O problema é que não há tantas vagas para gênios, heróis ou bem sucedidos segundo tais critérios, apesar de nossa loucura desenfreada rumo a esta direção. Além do mais, o critério para ocupar tais vagas é muito questionável. Conversa pra depois.

A questão é que se adotarmos os padrões de "inserção social" de nossa sociedade atual, certamente, não suportaremos o fardo da existência, como demonstram nossas patologias comportamentais modernas. De fato, a grande e esmagadora maioria das pessoas deste planeta será composta de gente comum, mediana, sem muitas "habilidades técnicas" admiráveis. E, há uma enorme chance de você, caro leitor, simplesmente passar por esta vida como um "pessoa comum" de acordo com os critérios de sucesso de nossa cultura.

Então, não se sinta burro, de menor valia ou indigno, como já disse, os critérios aí impostos são muito questionáveis. O anonimato e a discrição podem ser de valor inestimável. Sendo assim, descubra uma forma de tornar sua vida ordinária mais significativa, claro, isto exigirá certa dose de sensibilidade e espiritualidade. Exige descobrir a arte da gratidão, generosidade, modéstia, compaixão, hospitalidade e tantas outras riquezas, que nossa sociedade do controle técnico e do acúmulo de bens jamais mencionará.

A vida precisa ser redescoberta a partir de uma singeleza básica: trabalhar, casar, amar o cônjuge, ter filhos, educá-los, ir à igreja todo domingo, praticar um esporte, ouvir boa música, ajudar o próximo, fazer algum trabalho voluntário e sempre ler um bom livro. Esta rotina (palavra que os moderninhos odeiam), repetição e ritos ordinários, são cheios de beleza. Mas, nossa cultura perdeu a capacidade de ver para além da tirania da inovação e da autenticidade. A repetição pode ser simplesmente uma reprise de algo muito bom e a inovação pode ser pura tolice com cara de autenticidade.

Cansou? Aprenda a tornar cada gesto ordinário em um evento extraordinário. Abrace a narrativa evangélica: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei." (Jesus).

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