10 de jun. de 2016 | By: @igorpensar

Feministas. E, a pornografia?


Trabalho há 5 anos em uma ONG que lida diretamente com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e moram, em sua esmagadora maioria, em vilas e aglomerados. Quando vamos analisando toda dinâmica ao redor do caso do estupro coletivo na comunidade da Praça Seca no Rio, vejo ecos de falas, expressões e posturas sexuais em relação a mulher muito parecidos do que escutamos e vemos em crianças e adolescentes que atendemos. Como venho defendendo: afirmar uma cultura do estupro é dissolver a questão na fluidez da expressão. Então, ao invés de evocar uma cultura, seria mais prudente, lidar diretamente com fatores (observem o plural) culturais, psicológicos e morais que influenciam (não determinam) à violência contra a mulher.

Levanto um tema quase ausente na retórica de algumas feministas no Brasil: a educação sexual da maioria das crianças e adolescentes em comunidades hoje se dá pelo acesso massivo e irrestrito a pornografia da pesada por meio da internet, o "gato net", alguns funks "proibidões" e trocas de conteúdo pornográfico por celular. Se há um fator cultural que pesa moralmente no sentido de uma objetificação e violência contra a mulher é a pornografia. E, querem saber a verdade? A maioria dos homens, da minha faixa etária, tem sido sexualmente educados pelo consumo da pornografia.

Então, feministas que levantam um agenda contra a pornografia têm a minha admiração e apoio neste tema e em outros. Porém, as que ressignificam ou ignoram a pornografia, alegando que não é eliminar, mas empoderar a produção pornográfica colando a mulher na direção e produção, implicaria em um erro radical: a manutenção do discurso da mulher e da sexualidade como produto a ser consumido. Isto é objetificação de qualquer jeito. Por esta razão, apoio iniciativas como a do Clube Love. Honestamente, eles têm feito mais pelas mulheres do que muita militância por aí.

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