23 de jun. de 2015 | By: @igorpensar

A Dúvida do Crente e a Fé do Cético

É verdade que crentes têm lá suas dúvidas de fé, mas também é verdade que ateístas têm lá suas dúvidas sobre seu ceticismo. 
 
Eu como crente, eventualmente, posso acordar com dúvidas inquietantes a respeito de minhas convicções religiosas. Mas não diminuirei a tensão tornando-me um cético ou ateu. Neste caso, posso acordar com sérias dúvidas a respeito de minha incredulidade. "Vai que o que crê esteja certo..." pensarei. 
 
Porém há uma diferença básica entre o crente e o cético: o primeiro crê, o segundo não quer crer, apesar da permanente inquietação para se crer em alguma coisa. No fundo, o cético vive torcendo para crer e encontrar algo digno de sua confiança. Por isso, testa e resiste a quase tudo, quase nos termos do empreendimento cartesiano de "dúvida sistemática". No fim das contas, ironicamente, é esta dúvida humana (presente no crente e no ateu) que mostra que a fé é radical e inescapável, seja em Deus, na razão, no estado, nas artes ou na ciência.

Não tem jeito gente, depois do naufrágio, todos querem se agarrar aos cacos do barco naufragado. Depois, podemos discutir se este é o jeito mais eficiente de sobreviver neste mar de desespero.

"Quem deseja fugir à incerteza da fé, há de experimentar a incerteza da descrença que, por sua vez, jamais conseguirá resolver sem sombra de dúvida a questão de se, por acaso, a fé não se cobre com a verdade. Somente na recusa revela-se a irrecusabilidade da fé." (Joseph Ratzinger em Introdução ao Cristianismo).

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