10 de fev. de 2015 | By: @igorpensar

Verdade & Tempo

Durante alguns anos de minha vida, me aventurei em uma espécie de sub-espiritualidade, onde pensava ter um conhecimento exclusivo, raro sobre quem Cristo é. Neste ambiente, tudo que não fosse judaico, era descartado como de menor valor, ou uma espécie de desvio teológico da verdade "original" (adorava esta palavra). Criticava conquistas históricas da cristandade, debochava dos pais da igreja, subestimada a longa sabedoria, e pior, de alguma forma, ignorava a ação histórica do Espírito Santo. Caía no "esnobismo cronológico" (C.S. Lewis).

Jesus garantiu que guiaria sua Igreja a toda verdade. Claro que isto não significaria que as coisas seriam fáceis, foi e tem sido um processo também conturbado, mas a Igreja vem caminhando, vislumbrando a unidade da fé. Não acredito que Deus tenha agido meramente no I século (na era apostólica), isto seria cair em uma espécie de deísmo. Acredito que seu Espírito veio para isso, para guiar a Igreja. Todos os processos históricos, concílios, reformas, renovações e despertamentos, e mesmo, alguns desvios, fazem parte de um processo cauteloso de Deus para dirigir sua igreja no tempo. Ignorar ou rejeitar esta ação providencial, e achar que a pureza doutrinária reside apenas no I século do cristianismo, é ingenuidade a respeito do passado, e ingenuidade em relação ao tempo. As Escrituras continuam sendo a regra de fé e prática da cristandade, sempre será a regula fidei (regra de fé) que julga nossas elucubrações e empreendimentos teológicos. Mas, querer reinventar a roda a cada movimento novo que surge, é virar as costas para a obra do Espírito Santo.

Foi chocante o dia que descobri a voz da tradição, aprendi a arte da modéstia, neste sentido. Antes de criar qualquer "doutrina" ou "percepção inovadora" sobre o que já fora produzido, eu deveria me arriscar a ler e a me debruçar sobre o que já fora dito. Isto foi libertador em muito sentido. Assim, descobri um mundo de riquezas, qualquer pessoa que já tenha lido Irineu, Atanásio e Agostinho sabe do que estou falando.

Me localizo em uma tradição, aquela de confissão reformada, subscrevo Heildelberg, Confissão Belga e TULIP, mas, me encontro principalmente diante de um patrimônio maior, antes dos reformadores: confesso que creio na igreja católica (universal) como diria o Credo Apostólico.

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