25 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Uma Pagão e o Cristianismo

Reprodução do site Aleteia
 
Durante muitos e longos séculos, um elegante manuscrito composto em grego permaneceu ignorado no mais abissal dos silêncios. O texto, de origens até hoje misteriosas, só foi encontrado, e por acaso, no longínquo ano de 1436, em Constantinopla, junto com vários outros manuscritos endereçados a um certo “Diogneto”.

Se não há certeza sobre o seu autor, sabe-se que o destinatário do escrito era um pagão culto, interessado em saber mais sobre o cristianismo, aquela nova religião que se espalhava com força e vigor pelo Império Romano e que chamava a atenção do mundo pela coragem com que os seus seguidores enfrentavam os suplícios de uma vida de perseguições e pelo amor intenso com que amavam a Deus e uns aos outros.

O documento que passou para a posteridade como "a Carta a Diogneto" descreve quem eram e como viviam os cristãos dos primeiros séculos. Trata-se, para grande parte dos estudiosos, da “joia mais preciosa da literatura cristã primitiva”.

Confira a seguir os seus parágrafos V e VI, que compõem o trecho mais célebre deste tesouro da história cristã:


"Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem por sua terra, nem por sua língua, nem por seus costumes. Eles não moram em cidades separadas, nem falam línguas estranhas, nem têm qualquer modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, nem se deve ao talento e à especulação de homens curiosos; eles não professam, como outros, nenhum ensinamento humano. Pelo contrário: mesmo vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes de cada lugar quanto à roupa, ao alimento e a todo o resto, eles testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.

Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Compartilham a mesa, mas não o leito; vivem na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm a sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas, com a sua vida, superam todas as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, ainda assim, condenados; são assassinados, e, deste modo, recebem a vida; são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo, mas têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, recebem a glória; são amaldiçoados, mas, depois, proclamados justos; são injuriados e, no entanto, bendizem; são maltratados e, apesar disso, prestam tributo; fazem o bem e são punidos como malfeitores; são condenados, mas se alegram como se recebessem a vida. Os judeus os combatem como estrangeiros; os gregos os perseguem; e quem os odeia não sabe dizer o motivo desse ódio.

Assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo; os cristãos, por todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não pertencem ao mundo. A alma invisível está contida num corpo visível; os cristãos são visíveis no mundo, mas a sua religião é invisível. A carne odeia e combate a alma, mesmo não tendo recebido dela nenhuma ofensa, porque a alma a impede de gozar dos prazeres mundanos; embora não tenha recebido injustiça por parte dos cristãos, o mundo os odeia, porque eles se opõem aos seus prazeres desordenados. A alma ama a carne e os membros que a odeiam; os cristãos também amam aqueles que os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; os cristãos estão no mundo, como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em uma tenda mortal; os cristãos também habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada no comer e no beber, a alma se aprimora; também os cristãos, maltratados, se multiplicam mais a cada dia. Esta é a posição que Deus lhes determinou; e a eles não é lícito rejeitá-la”.


Fonte: http://www.aleteia.org/pt/religiao/artigo/uma-carta-de-mais-de-mil-anos-da-testemunho-os-cristaos-sao-a-alma-do-mundo-5802070808461312
19 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Alerta Doutrinário!

Por que não é adequado para um cristão apoiar ou participar de cursos, conferências ou eventos promovidos pelo Ministério Ensinando de Sião?

1) O Ministério Ensinando de Sião não tem por missão e prioridade a afirmação cristã da centralidade e suficiência do Evangelho de Jesus Cristo para salvar, redimir, justificar, santificar e ressuscitar o ser humano, seu objetivo (como se encontra em seu site) é: "contribuir para difundir entre os cristãos a visão de sua reconexão com o povo judeu e com a nação de Israel, bem como a restauração das raízes bíblicas e judaicas da sua fé e seu papel espiritual em relação à redenção de Israel";

2) O Ministério Ensinando de Sião não sustenta e defende explicitamente o ensino cristão de que a natureza de Deus é trinitária, ou seja, a organização não reconhece e afirma a plena e total unidade de Deus que se revela absolutamente divino em três pessoas distintas Pai, Filho e Espírito Santo;

3)  O Ministério Ensinando de Sião acredita que se o cristão não fizer obras em cooperação com a graça salvadora e santificadora, ele cairá da fé perdendo a salvação. Ignorando o ensino cristão e paulino que em nada podemos cooperar com a salvação ou santificação, mas que nossas obras de amor são resultado da graça que obtemos exclusivamente pela fé em Jesus Cristo;

4) O Ministério Ensinando de Sião pratica idolatria cultural ao exaltar e super enfatizar a cultura judaica e os judeus, criando uma tensão já resolvida pelo ensino apostólico de que todos, judeus e gentios, devem encontrar satisfação identitária na unidade pela fé em Jesus Cristo, sendo Ele a fonte de todo sentido existencial e identidade;

5) O Ministério Ensinando de Sião não enfatiza e não promove missões e evangelismo local, e a pregação do Evangelho a partir de Cristo e de sua obra justificadora.  A maioria esmagadora de seus membros é formada por pessoas oriundas e que migraram de várias denominações evangélicas locais;

6) O Ministério Ensinando de Sião despreza e promove uma cultura de desdenho teológico à tradição cristã evangélica, a muitos dos ensinamentos cristãos historicamente acumulados, criando uma atmosfera indireta de "superioridade teológica" de suas doutrinas;

7) O Ministério Ensinando de Sião promove a "tese marrana" em que a partir de sobrenomes adotados por judeus que vieram ao Brasil em fuga da inquisição durante a colonização é possível "restaurar" ou "resgatar" uma identidade judaica.  Muitos evangélicos sentem-se atraídos e seduzidos pelo discurso de terem alguma ancestralidade com o povo bíblico, e assim, alguns até já submeteram à circuncisão com o aval dos líderes desta comunidade (tenho provas testemunhais disso, se quiserem me processar, levem isto em consideração), como um sinal de retorno à fé judaica.

Por estas e outras razões peço aos pastores que circulem e ensinem seus membros sobre os perigos doutrinários deste movimento, alertando-os para que não participem de nenhum curso, conferência ou evento promovido por esta instituição. Fui líder do Ensinando de Sião durante 10 anos e posso alertá-los sobre os perigos doutrinários propagados por aquela instituição.

Caso tenham alguma dúvida, não hesitem em entrar em contato conosco.

Atenciosamente,
Igor Miguel

Justiça e Igualdade

Um conceito de justiça baseado em uma percepção distorcida de igualdade pode ser desumanizadora. Igualdade associada a uma espécie de homogenização ou superação das diversidades pode levar ao coletivismo ou à massificação (presente em experiência políticas hegemônicas). Por outro lado, uma conceito de justiça baseado na ideia de que "os homens são igualmente diversificados" pode levar a uma hiper-subjetivação, que resultará em fragmentação e atomização social (presente em fenômenos sociológicos pós-modernos). Em outras palavras, ocorrerá o enfraquecendo dos vínculos comunitários e a perda de senso de pertencimento. Mais uma vez, a visão de mundo judaico-cristã oferece um importante subsídio sociológico quando afirma a natureza trinitária de Deus, e que o homem foi criado à imagem desta "comunidade divina", superando as distorções coletivistas e/ou individualistas. Se assim for, deveríamos levar a sério a relação entre teologia, cosmologia, sociologia, cultura e política.
16 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Ordenação ao Ministério Pastoral

Belo Horizonte, 16 de novembro de 2014.

Ordenação ao ministério pastoral

Agradeço ao Senhor Deus que se revelou em seu Filho, Jesus Cristo, pela tortuosa, longa, mas providencial jornada até este dia, quando meu Deus me chamou a cooperar no cuidado de seu rebanho.  Recebo com muito temor tal responsabilidade.  Que a graça de Deus que desfrutamos por nossa fé em Cristo nos farte de condições para ensinar, aconselhar e disciplinar os eleitos em Cristo que estão sob nossa responsabilidade.   Que possamos abraçar esta vocação com corações cheios do Espírito Santo para tornar Cristo conhecido e edificado para a glória de Deus, o Pai.








15 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

O que é um reformado?

Franklin Ferreira, o mano Jonas Madureira, Tiago Santos e Vinícius Musselman em um bate-papo muito esclarecedor sobre a identidade evangélica a partir de sua matriz reformada.   Uma contribuição fundamental para a solidez de uma identidade evangélica muito bem localizada na história.  Esta é a sobriedade histórica que tanto insisto que a Igreja Evangélica precisa aprender, para não cair em falácias judaizantes, restauracionistas, espiritualizantes, neo-pentecostais e outras.
 
 
 
14 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Da Aridez ao Frescor

Solitário, inóspito e banido em exílio.  
Puro abandono e alienação.  
Estranho a si, consigo mesmo e com o mundo.  
O horizonte se repete, deserto, miragens e ilusões.
A vitalidade se esvai, escorre entre os grãos de areia.
Tudo se seca, trai e fere.  Um mundo hostil.
Escaldante, sufocante, falta-lhe água e ar.
As forças acabam: tomba e cai.
Tudo se escurece, fica mais confuso e fragmenta-se.
Seu espírito quase descola-se, desvincula-se, sai de si.

Ante a perda dos sentidos, algo lhe recobra.
Discreta nitidez, tudo limpo.  Claro e fresco.
Uma face suave e risonha mira-lhe.
Luz, muita luz, mas sem o calor.
A temperatura é perfeita.

Já com força, sem o cansaço, levanta-se facilmente.
Da fadiga, só a lembrança.
Olha ao redor, fica intrigado. "Estou em casa?"
Um lugar que nunca residiu.
Mas que nunca deveria ter deixado.

As cores, texturas e músicas são fascinantes.
Sempre as quis ouvir, apesar de nunca conseguir em seu mundo.
Mundo ordeiro, harmonioso, cheio de cores e algumas nunca vistas.
Que variedade de perfumes, formas e seres jamais apreendidas.
Nela, cidade e jardim se confundem.
Céus e terra se encontram em um casamento. 
Um só corpo, um só espírito.
7 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Liberdade Providencial

Há uma ênfase desproporcional em nossa cultura contemporânea no sentido de afirmar a vontade do indivíduo sobre o mundo e sobre si mesmo. Baseado neste critério, muita gente decide sua orientação sexual, relacionamentos, o destino de seu dinheiro, o que faz com seu corpo e/ou se aborta ou não. Chamam isto de liberdade, mas uma liberdade que contraditoriamente mostra-se impotente diante de pulsões, vontades e ambições sexuais, financeiras e afetivas. No final das contas, o que chamam de liberdade acaba sendo puro determinismo, cativeiro da alma. Desta forma, só posso inferir que liberdade real acaba sendo aquela disposição providencial de fazer o que sei que é melhor, enquanto meu corpo e meus afetos dizem exatamente o contrário. ‪#‎liberdade‬
4 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Refúgio Existencial

Muita tensão é colocada sobre a vontade humana. O fardo que nos foi imposto de que somos senhores de nosso destino é insuportável. Não adianta, tem situações que você não pode provocar, eventos que você não pode controlar e sofrimentos que você não pode prever. Como sobreviver a tudo isso? Procure um refúgio de sentido onde se pode apreender significado de cada evento contraditório. Neste ponto, há algo em Cristo que torna a vida bem mais significativa, pois é a única expressão religiosa que se constitui sobre um evento de imenso sofrimento e sacrifício, refiro-me à paixão de Cristo. Quando a narrativa e crença cristãs concebem a inocência do jovem judeu como Filho de Deus, isto torna tudo exponencialmente ainda mais significativo. Deus está também abraçando o sofrimento na cruz em um corpo humano. Logo, ninguém pode dizer que Ele é indiferente às agruras humanas, ao contrário, ele transforma a dor e a tensão em uma plataforma de salvação, eternidade e sentido existenciais. Por isso foi dito pelo apóstolo: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos." (II Co 4:8-9).
3 de nov. de 2014 | By: @igorpensar

Cilindro Ordinário

O irrisório, porém ainda, inóspito desejo de esticar as mãos e segurar sua frieza.  Seu corpo soado, escorrendo gotículas em uma aparência úmida e fresca.  Queria tocar em sua transparência, segurar-te firme, para não te ver deslizando entre meus dedos, és escorregadio.  Tomo-te, deixo que o que está em ti seja sentido, a dor prazerosa de tê-lo em minhas mãos.  Mesmo com todo desconforto, aprecio as muitas cores que brilham em teu interior e iluminam a vida de quem aspira sorver tua alma.   Entorno-te, não há melhor descrição, deixo escorrer seu frescor goela abaixo na ânsia de ver minha angústia aliviada.  

Nosso encontro tornou-se intenso e rápido, como às vezes são encontros de prazer.  Porém, a pressa me feriu, doeu-me as entranhas e a cabeça.   Logo, vi teu ressinto vazio, inóspito, apenas com sinais daquilo que de ti tomei.  Agora, abandono-te, desprezo-te e largo-te ao relento, sem nenhuma expectativa de encontrá-lo novamente.  Mas, nosso reencontro, cíclico, quase inevitável, acontecerá em breve.  Posso imaginar um sorriso irônico vindo de tua inanimada cilíndrica rigidez, como que se pensasse:" -- Ele voltará, espero-o."   Miserável recipiente, sabes que voltarei.  Quando a sede me assaltar, terei que me render mais uma vez a este ordinário copo d'água.

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Igor Miguel

Saulo foi Assaltado por Deus

O que aconteceu com Saulo (Paulo) a caminho de Damasco foi um assalto. O Cristo furtou aquele jovem judeu de uma brilhante carreira entre os mestres de Israel. Arrebatou-o de seus projetos de felicidade baseados em sua autonomia. Desde então, seu coração foi tomado de novos desejos, novas expectativas e novos sonhos, agora, desejava conhecer a Cristo, viver e morrer por Ele, lançava-se em uma vida de riscos, pois descobrira enfim um tesouro sobremodo elevado. O assalto de Cristo salvou-o da mediocridade de suas expectativas sobre Deus e sobre si mesmo. Deus salvou Saulo de uma falsa reputação.