30 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Estás servido?

Trabalho com crianças, muitas cuja "inocência" foi precocemente violada. Elas são a parte mais frágil, as primeiras vítimas dos efeitos colaterais de uma sociedade baseada na iniquidade e injustiça. Não trabalho com elas por achar que são "anjos", mas porque não consigo não fazê-lo. Cristo ama tais crianças e me afetou por este amor. Cristo se move em favor do vulnerável, por isso, quando me dou conta, estou lá junto com Jesus em missão. Parafraseando Agostinho, nenhum amor autêntico é possível fora do amor Cristo. Eu não amarei uma criança ou um adolescente vulnerável adequadamente, exceto se eu estiver "doente" de amores por Cristo, e se Cristo mesmo amá-las por mim. O melhor que posso oferecer é não oferecer nada que de mim procede, mas entregar-se à oferta de Cristo, à presença dele que se faz por faces humanas, em "vasos de barro", como somos. Não poucas vezes, a vulnerabilidade da criança remete a minha própria vulnerabilidade e fraqueza. Servi-las em alguma medida é me ver servido por Cristo. No final de uma aula, não foram só elas que foram humanizadas, eu mesmo me humanizei, logo, a diferença entre assistencialismo e serviço cristão é que no primeiro sempre achamos que estamos dando; no segundo é sempre Cristo que se dá a todos, tanto ao que serve como àquele que é servido.

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Igor Miguel

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