28 de jan. de 2013 | By: @igorpensar

Honra ou Abuso?

As palavras abaixo são uma denúncia a respeito dos inúmeros abusos procedentes de falsos líderes religiosos, megalomaníacos, que transformaram seus ministérios em empreendimento pessoal (familiar?) e narcísico.  Refiro-me aos líderes, que muitos de nós crentes há alguns anos, infelizmente, algum dia conhecemos.  Homens que perderam o senso daquilo que os chamou um dia, e foram seduzidos pelo poder, abuso e a inescrupulosidade.   Eu me envergonho de todos vocês, me envergonho profundamente.

As palavras abaixo são do Rev. Hernandes Dias Lopes da Igreja Presbiteriana do Brasil, e as publico por sua relevância:
"A Bíblia ensina: "A quem honra, honra", mas condena o culto à personalidade. Muitos líderes buscam glória para si mesmos. Querem ser tratados como uma classe diferenciada, esquecendo-se de que o líder deve ser servo de todos. Muitos líderes chamam a si mesmos "ungidos de Deus", apenas para viverem na sua torre de marfim, afirmando com isso, que ninguém pode tocar nos "ungidos". Blindam-se a si mesmos para permaneceram na zona confortável dos privilégios. O culto à personalidade é pregar a si mesmo, enaltecer seu próprio nome, em vez de pregar a Cristo e exaltar o único que é digno de receber a honra, a glória e o louvor. Paulo combateu essa tendência do culto à personalidade em 1Coríntios 1-4. Ele disse que nem o que planta nem o que rega é coisa nenhuma, mas Deus que dá o crescimento. Importa que homens nos considerem como ministros de Cristo (servos) e que cada um seja encontrado fiel!"
26 de jan. de 2013 | By: @igorpensar

Pai Nosso & Nossa Cultura

Por Igor Miguel



"Pai nosso que estás nos céus", de Pai é chamado, pois provê nossa casa com belas músicas, livros e  flores.

"Santificado seja o nome dele", jamais banalizado, mas enaltecido por todas as dádivas da beleza.

"Que o Reino dele venha", e erradique a feiura e a deformidade, e assim crie jardins de beleza, re-encantando o mundo.

Que nada nasça do pretensamente autônomo, mas da pura graça, sim, que "seja feita a sua vontade", e de novo se diga, como o artista com paleta e pincel diante de seu óleo sobre tela: e "viu que tudo era muito bom".

Que da arte culinária, a combinação entre temperos, ervas e uma pitada de sal, graciosamente se diga: o "pão nosso de cada dia nos dai hoje".

Aos que insistem em enfeiar o mundo, manchá-lo com a revolta e o vazio niilista, aos que nos devem a beleza, nós perdoamos. E, que sejamos perdoados quando nos ligamos ao que é caótico, sim, "perdoe as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores".

Enfim, por favor, "não nos deixe cair na tentação" de achar que não há mais beleza, esperança e graça, livrá-nos do cinismo, sim, "livra-nos do mal".

Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.
19 de jan. de 2013 | By: @igorpensar

Tesouros em Vasos

Por Igor Miguel


Eu me envergonho de algumas escolhas e não responsabilizo ninguém por causa delas.  Mesmo sendo um crente em um Deus soberano insisto no paradoxo calvinista: sou totalmente responsável.   Sim, sou totalmente responsável por minhas escolhas equivocadas, na verdade meus vínculos com Adão me fazem um com ele em sua escolha primeira.  Péssima escolha, minha escolha.  Vivo re-dramatizando o Éden, e isto me cansa.

Sou um desobediente compulsivo, se Deus me entregar às minhas vontades, vergonhosamente fracassarei.  Não me orgulho disso, me envergonho profundamente.  Gostaria muito de não decepcionar a Deus e as pessoas que estão perto de mim.  Tudo isto acaba se tornando em auto-decepção.  É frustrante ver a possibilidade de fazer a coisa certa, como uma coisa que está ali, e não conseguir fazê-la plenamente: "quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7).

Quando consigo fazer alguma coisa certa, sou surpreendido pelo bem feito, só posso dizer graça, pois sem ela, não o faria.  Isto quando não "morro na praia" pelo orgulho de ficar naquela "piração" de achar que meus feitos são fruto de alguma "capacidade inata" ou um esforço pessoal.  Tá vendo a miséria?   

Mas, quando faço o que deveria ser feito, ocorre-me uma grande surpresa, assim de repente, como que um espanto diante do milagre.
"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós."  (II Co 4:7).
Verdade que se faço o certo, Cristo fez em mim, como um vaso de barro com um tesouro precioso.  O vaso, por si, nada é, mas por causa do tesouro, adquire dignidade.  Não por causa de si, mas pelo tesouro.  Se o tesouro se for, o vaso volta a ser simples vaso.  Desprezível novamente.  Mas, quando volta o tesouro, lá está o vaso, como um vaso ainda, mas um vaso com um tesouro.  De quem é a glória?  Do tesouro, claro, mas de um tesouro que graciosamente reside em um frágil receptáculo de barro.

Talvez a esta altura, alguém se mexa na cadeira e alegue que minha percepção sobre a humanidade seja obtusa e negativa de mais, e que nós seres-humanos temos uma dignidade.  Sim, tenho que concordar que fomos criados para uma dignidade magnífica: ser imagem de Deus.  De fato, há alguma coisa em nós que aponta para este propósito original.  Entretanto, estamos por demais enferrujados para que se perceba algum brilho de quando saímos das mãos do ourives.  É como uma quadro manchado ou uma imagem de TV cheias de interferências, há ali alguma coisa que faz sentido, algum movimento.  Dá até ansiedade.  Quando olhamos pra nós, não é como em um espelho, é como em um desenho gestáltico, procuramos formas no disforme.  Somos seres incansáveis em busca de sentido.

Mas, algum sentido pode ser encontrado.  Mesmo que nos apelidemos de gente, não há gente como Cristo.  Nele reside toda gentileza, toda condição humana.  Humanizar-se é colocar-se em Cristo, é se unir com Ele.  Como é isso?  Dá-se pela fé, em dar crédito aos feitos dele, olhar para Ele mediante a providência e reconhecer existencialmente que sem Ele não se é gente.  Apenas uma vaso de barro, mero barro.  Com Ele a humanidade brilha, a dignidade é retomada.  Sempre em Cristo, nunca fora de Cristo.   Ele é a imagem de Deus, o resplendor de sua glória, como foi dito:

"O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos;  aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória." (Colossenses 1:26-27)

Finalmente, nossa identidade reside em Cristo, sem Cristo nada se é, apenas deformidade.  Em Cristo emerge uma biografia, história e plena existência.  Cristo é a luz que brilha e projeta o que verdadeiramente somos nele.  Tudo para a glória do Deus que se revelou em sua face.  De fato, somos transformados de glória em glória à imagem de Seu Filho.  Uma dia a obra que já consumada plenamente se revelará, o que se chama glorificação dos santos, naquele dia tudo será pleno, plena liberdade.  Mas, enquanto isto, andemos movidos pela esperança de nossa plena união com Cristo.

Soli Deo Gloria.