31 de dez. de 2013 | By: @igorpensar

Curtíssima: calvinismo & política

O cristianismo, particularmente de tradição calvinista, é uma boa matriz filosófica na orientação de posicionamentos políticos que defendem a liberdade individual e comunitária, por um motivo básico: não admite que ninguém e nada se torne absoluto, exceto Deus. A soberania absoluta é uma exclusividade da divindade. Todas as esferas de poder que aí estão foram constituídas por Deus e são relativas a Ele e umas às outras. Sendo assim, a defesa calvinista do Deus bíblico como absoluto, e tudo mais relativo a Ele, possibilitaria filosoficamente uma perspectiva política realmente plural. Esta seria a diferença básica entre uma visão política cristã e ideologias que defendem um pluralismo fictício baseado na absolutização/divinização do Estado ou dos indivíduos. Nestes termos, teologia e política encontram-se, mais uma vez, na arena pública. Política nunca foi religiosamente neutra. E religião nunca foi politicamente neutra.
19 de dez. de 2013 | By: @igorpensar

Falarás!

"Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas." (Dt 6:6-9)

O povo de Deus se alimenta de narrativas de fé.  Eventos localizados na história, de fato, mas que também a transcendem.  Somos a família da  memória.  Na liturgia cristã, as Escrituras são abertas e a história da salvação nos é contada.  Ouvimos ali, a partir deste livro antigo, histórias sobre personagens antigos, de um povo pequeno, mas peculiar.  Nossos heróis são reis e guerreiros, mas também, pastores, profetas que cuidavam de gados, pescadores e homens banidos.  A Bíblia nos fala de sábios, legisladores, regentes, prostitutas, viúvas, pobres, donas de casa, soberbos e humildes.  Os personagens bíblicos tornam-se arquétipos psicológicos, traços de personalidade perfeitamente compatíveis com nossa frágil condição humana. Por isso, somos o povo que conta e reconta a existência, deles e nossa.

De fato, quando ouvimos tais histórias ou narrativas da salvação, não temos a dimensão total dos eventos, afinal é um livro e não um registro cinematográfico.  Um livro que precisa ser narrado e que afeta diretamente nossa imaginação.   Há um elemento retórico, poético e imaginativo nas Escrituras.  De acordo com a pedagogia bíblica: "a doçura no falar aumenta a aprendizagem"¹.

Tenho percebido que boa teologia se faz com boa lógica, mas também com bela arquitetura retórica.  Quando lemos Agostinho e mesmo Calvino percebemos que beleza nunca esteve ausente do bom discurso teológico.  Assim, teologia se conecta com beleza e imaginação, e novamente, nos vemos imaginando o mundo a partir de narrativas e homilias que nos afetam a partir da indispensável iluminação do Espírito Santo.

Não é esta exposição permanente das Escrituras que insiste o apóstolo ao jovem presbítero? Sim, Paulo encoraja Timóteo a perseverar na leitura pública das Escrituras².  Prática eternizada em toda estrutura de culto cristão que faça jus ao nome.  A pregação bíblica, herança da liturgia judaica, antiga prática pedagógica que imprime no Povo de Deus, a comunidade eleita, sua identidade, seu lugar no tempo e no espaço.  Somos herdeiros de uma comunidade esperançosa, que traz à memória os atos salvadores de Deus. 

No encontro de Deus com Moisés, o legislador de Israel atreveu-se a perguntar-lhe o nome. Desta forma, obteve como resposta: "Eu Sou o que Sou [...] o Deus de Abraão, Isaque e Jacó" (Ex 3).  Em outras palavras, um Deus que é narrado, contado e recontado na trajetória de seus escolhidos.  Ele não se revela em ídolos estáticos, mas em homens animados por sua imagem e semelhança, transformados de glória em glória, pelo Espírito Santo³.

O ápice da revelação narrada e contada sobre Deus, encarna-se (há um tom dramático aqui) em Jesus Cristo.  Lembra o que foi dito pelo apóstolo?  "Ninguém jamais viu a Deus, por isto, o Filho Unigênito que está no seio do Pai o revelou" (Jo 1:14).  Pois é, me maravilhei quando descobri que a palavra traduzida por "revelou" na versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada, tem um sentido retórico-narrativo.  A palavra eksêgeomai [εξηγεομαι] tem o sentido de "narrar", "contar" ou "relatar", de fato, foi isso que Cristo fez.  O Unigênito veio para declamar de forma mais expressiva, por meio de sua encarnação, quem é o Pai.  Esta é a narrativa, o kerygma, a mensagem que nos foi anunciada pela exposição pública do Filho de Deus.  Uma pedagogia radical, para uma obra salvadora igualmente radical.

A partir do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, o púlpito cristão tornou-se o local do anúncio, a velha pregação ainda tem sido a grande plataforma de transformação de vidas e comunidades.  Por esta razão ela é tão central para o cristianismo.  Pois é a partir da Palavra que mentes e corações são iluminados pela graça evangélica, escamas caem e corações são elevados ao Deus que se revelou em Jesus.  Entretanto, o sucesso da pregação cristã, sua homilia, encontra-se na centralidade de sua mensagem: Jesus Cristo.  Sem Cristo, o anúncio torna-se retórica vazia, comunica morte.  Entretanto, a partir do Verbo do interior do homem podem "fluir rios de águas vivas" (Jo 7:38), a aridez de um coração alienado pode ser inundado pelo Espírito Santo.

Assim, comunidade de Cristo, que possamos insistir em contar a história de nossa salvação, que nossa imaginação seja afetada pelo anúncio, que sejamos salvos por este Cristo, que se faz presente na narrativa evangélica, como foi dito pelo Apóstolo Paulo:
"Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa." (Ef 1:13).
____________________
¹ Tradução livre de Pv 16:21 - לַחֲכַם־לֵב יִקָּרֵא נָבֹון וּמֶתֶק שְׂפָתַיִם יֹסִיף לֶֽקַח
² I Tm 4:13
³ II Co 3:18
6 de dez. de 2013 | By: @igorpensar

O Calvinista: um poema.

É desse jeito que queremos ser...  "The Calvinist" (O Calvinista) um poema de John Piper.



 O calvinista

Por John Piper (Tradução: Roberto Vargas Jr)

Veja-o de joelhos,
Ouça seus constantes apelos:
Coração de cada objetivo:
"Santificado seja o teu nome."

Veja-o na Palavra,
Desamparado, calmo, tranquilo,
Amontoando brasas
Com cuidado até o fogo.

Veja-o com seus livros:
Árvore ao lado dos córregos,
Bebendo na raiz
Até o ramo dar frutos.

Veja-o com a sua caneta:
Linha escrita, e então,
Um pensamento melhor,
Aprofundado a partir da Palavra.

Veja-o na praça,
Preservado do laço sutil:
Guardião implacável
Da fragrância da verdade.

Veja-o na rua,
Em busca de súplica,
Manso e a entesourar:
"Você conhece o meu Rei?"

Veja-o em controvérsia,
Firme e decidido,
Impulsionado pela fama
Do nome de seu Pai.

Veja-o em seu negócio.
Concluído. O plano está feito.
Os homens terão suas habilidades,
Se o Pai o desejar.

Veja-o em sua refeição,
Orando agora a sentir-se
Grato e, seja agraciado,
Deus em cada sabor.

Veja-o com o seu filho:
Ele já sorriu
Tal sorriso antes,
Brincando no chão?

Veja-o com sua esposa,
Parábola para a vida:
Nesta cena sagrada
Ela é a rainha do céu.

Veja-o em devaneio. Ele geme.
"Um é verdade", ele reconhece.
"O que me resta?
Falibilidade".

Veja-o em lamento
"Devo agora me arrepender?"
"Sim. E então proclamar:
Tudo é para a minha fama."

Veja-o adorando.
Assista ao pecador cantar,
Poupado do fogo consumidor
Apenas pelo sangue .

Veja-o na praia:
"De onde provém esse oceano?"
"Do seu Deus acima,
Dedal de amor."

Veja-o agora dormindo.
Observa a colheita dos indefesos,
Mas nenhum crédito a reivindicar,
Assim como quando acordado.

Veja-o à beira da morte.
Ouça a sua respiração,
Através da dor desvanecendo:
Sussurro final: "Ganho!"
3 de dez. de 2013 | By: @igorpensar

Pedagogia e Olavo de Carvalho

Por Igor Miguel

“A partir dos anos 1980, a elite esquerdista tomou posse da educação pública, aí introduzindo o sistema de alfabetização “socioconstrutivista”, concebido por pedagogos esquerdistas como Emilia Ferrero, Lev Vigotsky e Paulo Freire para implantar na mente infantil as estruturas cognitivas aptas a preparar o desenvolvimento mais ou menos espontâneo de uma cosmovisão socialista, praticamente sem necessidade de “doutrinação” explícita.”
Não é a primeira vez que encontro afirmações dessa natureza nos escritos e ditos de Olavo de Carvalho, e já adianto, já encontrei coisas muito válidas em seus dizeres.  Porém, como alguém certa vez disse a respeito de Freud: como filósofo ele foi um excelente psiquiatra.  De fato, Olavo falha muitas vezes em questões de natureza educacional, e este é o ponto que tenho que compartilhar, pois Olavo tem se tornado referência para muitos educadores que se alinham com uma tradição mais conservadora como forma de reação a uma pedagogia mais à esquerda.

O referido trecho foi publicado no Diário do Comercio em 30 de outubro de 2012, e encontra-se em um dos capítulos do recente livro do Olavo intitulado: “O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”.   Há alguns problemas em termos de teoria educacional no excerto.  Pra começar, misturou-se teoria psicológica do desenvolvimento com método (que ele chamou de sistema) de alfabetização.  De fato, há um método de alfabetização, e não um sistema, sob influência do estruturalismo piagetino que é denominado de método construtivista, que tem sido associado corretamente com a educadora argentina Emília Ferrero.  Paulo Freire, por sua vez, não tem qualquer relação, em termos teóricos, nem com Vygotsky e tão pouco com Piaget, ele se relaciona muito mais com movimentos libertários na pedagogia e na filosofia, do que com teorias da psicologia do desenvolvimento como a epistemologia genética de Piaget ou a teoria sócio-cultural ou sócio-interacionista de Vygotsky¹.  Ainda, Olavo falha ao afirmar um sistema de alfabetização “concebido” por Vygotsky, Emilia Ferrero e Paulo Freire.  

Então, vamos lá: Vygotsky nunca “concebeu” um método de alfabetização, Emilia é proponente de um método, o construtivista; e tem-se falado de um método “Paulo Freire” de alfabetização, que é em algum sentido, o método silábico, porém ideologizado.  Mas, se existe um método Paulo Freire, ele tem pouca ou nenhuma relação com o estruturalismo de Piaget ou a abordagem sócio-cultural de Vygotsky.

Não tenho dúvida de intenções na arena educacional na tentativa de uma hegemonia teórica, principalmente oriunda daqueles mais à esquerda, e isto tem anos.  Por outro lado, de fato, a teoria vygotskiana e a piagetina, lembro-vos, teorias do desenvolvimento cognitivo, não teorias pedagógicas necessariamente, são elucidativas em diversos aspectos para explicar o fenômeno da aprendizagem. 

O problema do texto é que ele é um tanto sofismático no argumento.  Não entendi a conexão entre “estruturas cognitivas aptas” com “doutrinação”.  Repito, acho que há doutrinação sim, mas em termos teóricos, não há qualquer argumento plausível que sustente a tese de que as abordagens teóricas, tanto de Vygotsky como de Piaget, favoreçam uma abertura “cognitiva” para a doutrinação marxista.  Se ao menos isto fosse dito a respeito de Paulo Freire, mas não foi o caso.  Houve aí uma mistura de teóricos, uma falta de distinção entre método, teoria e filosofia educacionais.  Não defendendo uma neutralidade ideológica nas perspectivas desenvolvimentistas aí apresentadas, ao contrário, tenho críticas e reservas tanto a Piaget como a Vygotsky. Mas, o salto “quântico” que associa uma teoria da psicologia e intenções doutrinárias nos termos que acontecem nas escolas no Brasil, alegando um “sistema” baseado diretamente nas teorias mencionadas, em particular Vygotsky e Piaget, seria um erro crasso e grosseiro.

Ironicamente, há pouco vi um vídeo em que Olavo de Carvalho criticava a filosofia paulofreiriana², e defendia, em contrapartida, a “pedagogia” do cientista israelense Reuven Feuerstein.  Fiquei feliz dele ter feito tal menção, tenho defendido a relevância da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM) de Feuerstein há algum tempo, eu mesmo estive com ele pessoalmente há alguns anos em Jerusalém.  Porém, ironicamente, o próprio Feuerstein é explicitamente influenciado por Vygotsky e Piaget.  O próprio conceito de mediação é vygotskiano em certa medida, e a ideia de modificabilidade estrutural em sua teoria é oriunda do estruturalismo piagetiano.  Então veja bem, Olavo de Carvalho encontrou alguma plausibilidade na teoria de Reuven Feuerstein, mas ignorou,  em grande medida, como o cerne de sua teoria está radicado tanto no estruturalismo de Piaget, como na abordagem sócio-cultural de Vygotsky.  Para compreender a relação entre estes dois teóricos e Reuven Feuerstein, vale a pena dar uma lida no livro de Alex Kozulin: “Psychological Tools: social cultural approach in education.” 

Enfim, o que temo nisto tudo é que nesta gana de combater a imposição hegemônica do materialismo histórico dialético nas escolas, tanto em termos teóricos como metodológicos, Olavo de Carvalho, e muitos educadores conservadores, caiam em argumentos falaciosos desqualificando uma crítica apropriada ao esforço doutrinário em questão.  Repito, não se pode colocar todos os teóricos em uma única sacola, e simplesmente repudiá-los por serem soviéticos ou por terem sido cooptados por uma ala proselitista de esquerda.   O mesmo vale para cristãos que simplesmente ignoram determinados saberes teóricos produzidos por cientistas da educação ou da psicologia, por serem eles meramente não-cristãos.  Neste caso, recorro ao reformador francês, João Calvino, que assevera: “Se reputarmos ser o Espírito de Deus a fonte única da verdade, a própria verdade, onde quer que ela apareça, não a rejeitaremos, nem a desprezaremos, a menos que queiramos ser insultuosos para com o Espírito de Deus.” (As Institutas da Religião Cristã, Livro II, Capítulo 2).

_________________
¹Sem mencionar uma influência relevante que considero não-desprezível do filósofo existencialista judeu Martin Buber.  Que é precisamente o que ainda me faz ler Paulo Freire, não obstante, a maioria dos pedagogos não fazer qualquer menção a respeito desta relação.

² Lembrando que Paulo Freire não desenvolveu nenhuma teoria psicológica ou do desenvolvimento, mas uma filosofia ou visão política educacional.

Congresso Missão Integral [Programação]

Programação do Congresso Missão Integral que começa esta semana!


30 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Estás servido?

Trabalho com crianças, muitas cuja "inocência" foi precocemente violada. Elas são a parte mais frágil, as primeiras vítimas dos efeitos colaterais de uma sociedade baseada na iniquidade e injustiça. Não trabalho com elas por achar que são "anjos", mas porque não consigo não fazê-lo. Cristo ama tais crianças e me afetou por este amor. Cristo se move em favor do vulnerável, por isso, quando me dou conta, estou lá junto com Jesus em missão. Parafraseando Agostinho, nenhum amor autêntico é possível fora do amor Cristo. Eu não amarei uma criança ou um adolescente vulnerável adequadamente, exceto se eu estiver "doente" de amores por Cristo, e se Cristo mesmo amá-las por mim. O melhor que posso oferecer é não oferecer nada que de mim procede, mas entregar-se à oferta de Cristo, à presença dele que se faz por faces humanas, em "vasos de barro", como somos. Não poucas vezes, a vulnerabilidade da criança remete a minha própria vulnerabilidade e fraqueza. Servi-las em alguma medida é me ver servido por Cristo. No final de uma aula, não foram só elas que foram humanizadas, eu mesmo me humanizei, logo, a diferença entre assistencialismo e serviço cristão é que no primeiro sempre achamos que estamos dando; no segundo é sempre Cristo que se dá a todos, tanto ao que serve como àquele que é servido.

___________
Igor Miguel
29 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Congresso Missão Integral na IBL

Divulgando um evento cujo tema é inédito na Igreja Batista da Lagoinha.  Eu (Igreja Esperança/OMCV), Guilherme de Carvalho (Igreja Esperança/L'Abri), Rodolfo Amorim (L'Abri), Antônio Costa (ONG Rio de Paz), Tiago Guedes (Seminário Inconformados), Vinícius Zulato (Cristo Vivo/Mocidade IBL) e outros, fazendo uma mistura, pensando sobre a Grande Comissão.


28 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Por Cristianismo Público [áudio]

Tema que ministramos no Ciclo de Palestra do L'Abri sobre Política & Fé Cristã.  Neste caso, tratamos sobre o direito, a obrigação e as implicações de um Cristianismo Público  Para baixar o arquivo clique aqui.
27 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Eles Amaram Demais

Hoje, em um momento completamente ordinário, passando por entre livros em um seção de livros sobre "religiões", em uma determinada livraria, fui tomado pelo desejo de "passar os olhos" em "Confissões" de Agostinho de Hipona. Obra que nunca li dignamente, ao mesmo tempo, obra que não me é completamente estranha. Mas, fui assaltado com palavras que me queimaram por dentro.

Deparei-me com os suspiros do mestre africano, inflamado de desejos pelo Deus Trino. Percebi que os grandes mestres do cristianismo são grandes, não por causa de um academicismo árido, mas porque simplesmente foram assaltados pelo amor. Eles se derretiam diante do Eterno. Tais homens não negavam o desejo, simplesmente desejavam demais, eram amantes de mais. Eles sempre souberam que mulheres, poder, riqueza e glória eram finitos demais para saciá-los. No final, cristãos assim são amantes, tomados de excitação quase no tom dos salmos que dizem que a "alma suspira", "os ossos se despedaçam" e os "rins louvam". Eles não amavam analiticamente, amavam visceralmente, como vulcões com lavas afogueadas de veneração. Os afetos foram feridos por este amor. Daí, descobri uma coisa incrível: precisamos desejar mais, desejar ao ponto de sermos tomados pelo prazer de fazer a vontade de Deus. Não como uma afeição estranha, mas que nossos impulsos e hábitos sejam saturados de tal forma pelo amor de Deus que não tenhamos outro desejo.

Que sejamos tomados de amor pelo Criador a ponto de dizer como Cristo: "que não seja o que eu quero, mas o que tu queres." Amor que sacrifica a vontade própria, porque a vontade própria é desejo menor. Sim, descobri que boa teologia e boa espiritualidade acontecem quando se ama, quando se ama radicalmente o Único que pode satisfazer suficientemente tal amor.

________________
Igor Miguel
14 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Camaro Amarelo ou Eternidade?

Se você não percebeu, a psicologia do marketing já.  Seres humanos sentem falta do que nunca tiveram.  Sentem falta de um paraíso perdido.  E valendo-se deste anseio paradisíaco, as agências propagam  bens de consumo, coisas como cervejas douradas, carros que transformam mulheres em divindades e homens em deuses, roupas que parecem trajes sacerdotais, cremes que eternizam, shampoos que produzem cabelos angelicais e tecnologias que dão uma sensação de onipresença e onisciência.  O marketing já percebeu que o ser humano possui uma radical inclinação religiosa e usa tal pulsão para favorecer seus interesses comerciais. A única forma de se libertar das ilusões produzidas por esta "pedagogia do desejo" é reconhecer que seres humanos são seres litúrgicos, criados para a veneração.  Por esta razão, são tão inclinados e seduzidos por esses "falsos deuses", ídolos fabricados diariamente pela cultura de consumo.  Por outro lado, isto mostra a profunda natureza religiosa da humanidade.  Natureza que encontra plenitude naquele que sinaliza o eterno por seu triunfo sobre a morte, e não no ridículo projeto de vida que se reduz a um mero "Camaro Amarelo".

Igor Miguel
10 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

O Mito da Inquisição Espanhola

Eu sempre desconfiei dos exageros historiográficos a respeito da inquisição. Seria minimamente plausível considerar os dados deste documentário realizado pela BBC de Londres, que trata sobre a possibilidade de realmente a inquisição espanhola ter sido construída, em grande parte, por mitos oriundos de movimentos que desejavam macular a imagem do cristianismo no ocidente.  Principalmente "modernistas", que precisavam descredibilizar o cristianismo, para que seu projeto civilizatório lograsse êxito.  Há a participação de renomados historiadores como Henry Kamen que escreveu "The Spanish Inquisition: a historical revision".  Então, antes de acreditar em tudo que andam dizendo a respeito das "atrocidades da inquisição cristã", pense um pouquinho, leia mais, e se informe.  Tem até museus aqui no Brasil que colocam reproduções dos quadros do artista espanhol Francisco de Goya, como se fossem fotografias, e se esquecem de lembrar que ele viveu no século XVIII e a inquisição espanhola no século XV, quase 300 anos depois.

6 de nov. de 2013 | By: @igorpensar

Justiça e Direitos #IgrejaNaRua

Como seria uma concepção cristã sobre o poder e a função do Estado?  Quais são os limites desta esfera de poder?  Até que ponto, ele pode intervir na vida privada?  Entrada franca!



23 de out. de 2013 | By: @igorpensar

Atenção Uberlândia!

Atenção comunidade evangélica de Uberlândia/MG,

Soube que recentemente foi realizado um evento do Ministério Ensinando de Sião em vossa cidade. Tenho irmãos de comunidades evangélicas e pastores nesta cidade que já estão tendo problemas com seus membros acerca da ênfase doutrinária dos ensinamentos propagados por esta instituição.  Desde já, informo que estou a vossa disposição para sanar quaisquer dúvidas teológicas ou doutrinárias que vossos membros tiverem.  Não estou disposto a fazer nenhum julgamento moral ou político quanto a esta instituição, pois lhes é garantido por lei esta ressalva.   Entretanto, objeções teológicas e ideológicas são amparadas e garantidas pela Constituição Federal Brasileira na lei de liberdade de expressão.  Participei desta comunidade por uma década e tenho motivos, que estão igualmente abertos à crítica pública, de que os ensinos por eles disponibilizados ferem os pilares clássicos da fé evangélica e do cristianismo historicamente constituído na centralidade de Cristo e na fé trinitária.

Indico inclusive alguns documentos já publicados neste site a respeito dos desvios doutrinários ensinados por eles.


Meu contato é: igor@teologo.org

Em Cristo,
Igor Miguel
8 de out. de 2013 | By: @igorpensar

Política & Fé Cristã

Vem aí o VIII Ciclo de Palestras L'Abri Brasil, com o apoio do #IgrejaNaRua, abordando o tema Política & Fé Cristã!

Na quinta, 10/10, teremos na 1ª Palestra do Ciclo a participação especial de Manfred Svensson, Professor Titular da Universidade Los Andes de Santiago, Chile.

Manfred Svensson é Doutor em Filosofia pela Universidade de Munique e autor de vários livros - pela Editorial Clie e Zondervan - tratando da relação da fé cristã e os desafios da cultura contemporânea. Sua especialidade é a Teologia e Filosofia de Agostinho.

Link com as publicações de Manfred.
2 de out. de 2013 | By: @igorpensar

O "salto" na cultura [vídeo]

Pastor Guilherme de Carvalho fala no "Nossa Música Brasileira" a respeito do "salto" na cultura contemporânea.  Muito interessante.

29 de set. de 2013 | By: @igorpensar

Apresentação Aula ETED 2013

Prezados alunos da ETED - JOCUM (Contagem - MG)

Acessem abaixo a apresentação completa de nossa aula sobre "Reino de Deus e Mandato Cultural".



Abraços fraternos em Jesus,
Prof. Igor Miguel

Conheça o Povos & Línguas

O Programa Povos & Línguas é uma iniciativa interdenominacional engajada na promoção da cultura missionária e no despertamento de vocacionados para a grande comissão.  Neste episódio foi tratado o trabalho missionário brasileiro na Suazilândia, um pequeno país africano, localizado próximo a Moçambique e África do Sul.   Participamos deste vídeo, como vocês podem ver na parte final, com uma reflexão sobre a grande comissão.  O programa é sempre exibido na TV pela Rede Super e todos os vídeos ficam disponíveis na íntegra no YouTube.


23 de set. de 2013 | By: @igorpensar

Ajude um Educador Moçambicano

Prezados amigos e irmãos de fé,

Você já teve vontade de fazer algo significativo para alguém?  Já sentiu seu coração ardendo por fazer a diferença na vida de uma pessoa?  Você até tem a disposição para fazê-lo, mas não sabe como?  Há muitas formas de ajudar na transformação de vidas e comunidades, mas as vezes não sabemos como fazê-lo.  Então, esta é uma oportunidade concreta em que você poderá fazer algo por alguém e que terá implicações reais.

Visitei a base missionária do CEMU em Nhamatanda - Sofala - Moçambique nesta primeira quinzena de setembro de 2013.  Dentre as experiências e conhecimentos surpreendentes, senti-me movido em ajudar um educador nativo, o irmão Noé Alvista.  


Noé ama estudar.  Em um lugar onde a educação básica não obrigatória, a maioria dos adolescentes não quer frequentar a escola, ainda mais na cidade de Nhamatanda, um vilarejo modesto e tradicional.  Noé me relatou que a escola mais próxima de onde morava era uns 12 quilômetros e ele ia de bicicleta e voltava todo dia.  Muitas vezes, ele fez este trajeto total de 24 quilômetros por dia debaixo de chuva e com lama.  Noé aprendeu inglês e francês, ao lhe perguntar como fez para aprender estes idiomas, ele me disse que não tinha dinheiro para comprar livros, mas que seu primo os possuía.  Então, ele copiava à mão capítulos inteiros, só para estudá-los depois em casa.  

Atualmente, Noé ensina português, inglês e orienta educacionalmente crianças de sua comunidade na Casa de Aser, a base missionária do CEMU em Nhamatanda. 


Noé precisa aperfeiçoar sua vocação para a docência e o ensino.  Para isto, ele tem que buscar formação acadêmica, ele precisa ter um curso superior em pedagogia, de modo a ajudar não só no ensino, mas na coordenação pedagógica da escola que está sendo construída nas instalações da Casa de Aser em Nhamatanda.   

Quando ouvi e conheci a vocação de Noé, que é um cristão que ama educar,  pensei no que poderíamos fazer para ajudá-lo.  Senti-me movido em mobilizar pessoas que possam contribuir com um valor fixo mensal até ele se formar.  O curso tem duração de 4 anos. Quem sabe esta é a oportunidade que você tem de fazer real diferença na vida de uma pessoa e uma comunidade?



Não importa com quanto você queira e pode contribuir, o que importa é seu compromisso mensal com esta ajuda.  A ajuda pode ser enviada até ele se formar (4 anos) ou pode ser entregue por um tempo determinado.  O custo total com transporte, compra de material didático e mensalidade é o equivalente a R$ 700,00 por mês.  Os estudos do Noé começam em outubro e eu gostaria de enviar este valor para ele todo mês até o final do curso.

Se você quer ajudar o Noé, por favor, me envie um e-mail igor@teologo.org e envio maiores informações.  Todo processo acontecerá em total transparência, inclusive se alcançarmos o teto, vocês serão informados.  Além disso, os recursos e a tutoria com o Noé seria mediada pelo CEMU que nos informará como anda a formação e os estudos do Noé.

Ore a respeito disso e se você quer participar desta vocação do Noé, que é uma dádiva para a transformação de Nhamatanda, faça sua contribuição.


Para contribuir com a formação do Noé envie seu e-mail para igor@teologo.org

Abraços,
Igor Miguel
8 de ago. de 2013 | By: @igorpensar

Meninos não usam armas, menores sim

Em que mundo algumas pessoas vivem?  A discussão sobre um menino de 13 anos ter matado seus pais e ele mesmo ter se matado, parece tão improvável, né?  Os questionamentos se dirigem principalmente ao fato de como um menino de 13 anos poderia manusear uma arma de fogo e mimimi.  Pois bem, acho que este pessoal vive em um outro mundo.  Jaílson de Souza e Silva, da ONG Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, chamou minha (nossa) atenção a um fato: quando o menino da favela puxa uma arma e assalta e mata outro menino da não-favela, a notícia é veiculada em tom genérico: "menor mata menino".  WHAT???  Mas, "perae", o menor também é menino, e o menino também é menor.  Mas sabe como é, menor é um não-menino, e o menino é um não-menor, certo? Errado!  Gente, todo dia, eu e meus colegas de trabalho (Aender Borba me ajuda ai), quando lidamos com a realidade de comunidades em situação de risco, entramos em um mundo que poucos conhecem.  A periferia é um mundo invisível, desconhecido por grande parte da classe C emergente.  Lá na "perifa" algumas crianças manuseiam armas com muito menos de 13 anos, e sabem manuseá-las razoavelmente bem.  O tráfico de drogas descobriu que colocar "menores" na interface "consumidor" e "traficante", protege o traficante, afinal, os "dimenor" são "apreendidos" e não "presos".   Mas, sabe como é, eles não são meninos ou crianças, são menores.  Menores manuseiam armas, o menino de classe média, é menino, é um anjo, não sabe segurar uma pistola semiautomática.  Temos que admitir que o discurso geral trata a criança de periferia como um tipo de não-criança, para não dizer, um tipo de "não-ser", e isto atinge em cheio nosso senso cristão de equidade.  Para muita gente, quando Jesus disse, "vinde a mim as criancinhas", o "menor" estaria de fora, pois ela não é mais criança, nunca foi.  Pelo menos, para alguns fariseus de nossa cultura de massa.
22 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

Nova Evangelização: Católica ou Evangélica?

Sobre a notícia da BBC intitulada: "Papa chega ao Brasil com dupla missão [...] tentar conter o crescimento das denominações evangélicas pentecostais e arrebanhar fiéis afastados da Igreja Católica" https://twitter.com/bbcbrasil/status/359257785252319232 lembro que Bento XVI instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_letters/documents/hf_ben-xvi_apl_20100921_ubicumque-et-semper_po.html , e o Papa Francisco assumiu pleno compromisso com a iniciativa do pontificado anterior. Lembrando que a tendência já vinha sendo apresentada por homens como George Veigel que escreveu "Letter to a Young Catholic" e a recente obra "Evangelical Catholicism" http://www.amazon.com/Evangelical-Catholicism-Reform-21st-Century-Church/dp/0465027687/ref=wl_it_dp_o_pC_nS_nC?ie=UTF8&colid=1ZPETUQAN5IRO&coliid=IHP6PPSSXTO2U propondo um tipo de reforma interna na Igreja. 

Obviamente ainda um tanto longe dos pontos asseverados pela reforma protestante. Seria uma reforma em algumas ênfases e na promoção de uma evangelização baseada na "conversão pessoal" (ênfase evangelical). Há pontos positivos nisto, olho com atenção para onde as coisas estão caminhando. Mas, acho, que o movimento que chamamos de "novo calvinismo" tem um papel fundamental na garantia e educação destes já alcançados pelo evangelicalismo, que compõem muitos dos chamados "sem religião" nas atuais estatísticas. Ironicamente, o livro "Letters to Young Calvinist" de James K.A. Smith é um prelúdio da "nova evangelização reformada". Se houver uma falha aí, teremos "retorno" ao catolicismo sim, já aviso aos navegantes que estão embebidos em sistemas evangélicos centralizadores, desenraizados e que já trocaram uma fé cristocêntrica, pela teologia da prosperidade ou uma espiritualidade excessivamente afetiva. Então, família reformada, vamos arregaçar as mangas e evangelizar evangélicos e ex-evangélicos.
20 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

(Des)Qualificar o Cristianismo?

Quer desqualificar o cristianismo? Siga os seguintes passos: 1) sempre se lembre das cruzadas na idade média; 2) mencione a inquisição; 3) para atingir os protestantes, em específico, mencione a morte de Servetus; 4) e como último golpe, mencione que ao menos 60% da população alemã durante o holocausto era composta de luteranos.  

Gente, é assim que tem cristão virando judeu, tem gente montando comunidades primitivistas, tem gente se “desigrejando” e outros tornando-se ateus.  É assim, que o idealismo e o progressismo vai descredibilizando a comunidade cristã.  Claro que não vão mencionar a família Ten Boom, ou Dietrich Bonhoeffer o mártir cristão que se envolveu na resistência luterana contra o nazismo.  Não falarão de William Wilberforce, político cristão que se envolveu ardentemente contra o tráfico negreiro no Reino Unido.  Não mencionarão os infinitos benefícios sociais, o impacto sobre os direitos humanos e as diversas iniciativas cristãs em prol da justiça e da cultura.  Jamais mencionarão as inúmeras instituições de ensino  fundadas por comunidades católicas e protestantes.  Jamais mencionarão que a liberdade que desfrutam até mesmo para denegrir cristãos lhes fora dada por eles.  Nunca mencionarão, jamais dirão!

Quanto às fraquezas inerentes à reforma e ao cristianismo histórico, seria por demais ingênuo achar que poderíamos ser paraísos antecipados, seres angelicais e os reformadores empreendedores carregados de mítica perfeição. Somente um idealismo ingênuo, estranho à narrativa cristã da queda ou da afirmação reformada de que somos "santos mas ainda pecadores", poderia levar alguém a ter ideais tão rousseaunianos. Mas, enfim, retomo o fato de que este cristianismo, parafraseando Chesterton, vem cambaleando, é verdade, mas nunca caiu. Vem caminhando quase como um bêbado, mas manteve-se de pé em momentos decisivos. De qualquer forma, para superarmos o idealismo bizarro e cheio de aroma progressista, fica uma dica de Bonhoeffer: "Quem ama mais a igreja ideal do que a igreja real, nunca terá a primeira e destruirá a segunda". Ficamos com a igreja real, cheia de hipócritas e pecadores, alguns arrependidos, outros nem tanto. E, se você se enquadra na descrição anterior, então lá também tem lugar pra você.

“Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.” (Mc 2:17)

Por Igor Miguel
5 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

Amante Secreto

Dizem que G.K. Chesterton começou a considerar seriamente a existência de Deus quando se viu diante de coisas que recebia como que por generosidade e não tinha a quem agradecer. De fato, há coisas que são quase como epifanias, simplesmente nos são dadas, surgem assim diante de nós. 

Como não considerar a gratuidade de algumas extravagâncias "naturais" como verdadeiros eventos milagrosos: um belo dia, um pássaro cantando, o sorriso ingênuo de uma criança, o encontro entre amantes, a generosidade humana e a criatividade. Como não se maravilhar com a luz do sol refratando em gotículas de orvalho? A gratidão é erguer-se em busca de reconhecimento daquele que é generoso. 

Aquele que é surpreendido pela graça é como alguém que recebe de um amante secreto flores, e assim, devora-se de expectativas e curiosidade, e pergunta-se "-- Será que é ele?". Pessoas honestas com a beleza buscam um objeto de adoração e reconhecimento. Por outro lado, a ingratidão teria efeitos auto-destruidores, pois implicaria na negação não só da graça, mas do agraciador. 

O ingrato é obtuso, sombrio, cínico e apático. Não consegue discernir danças, cheiros, cores e gestos. Não consegue ver tridimensionalidade no mundo, tudo não passa de formas geométricas planas, previsíveis, explicáveis de mais. Por outro lado, aquele que descobre a arte da gratidão, aprende o contentamento e a frugalidade. Consegue dizer graças ou obrigado por cada ato de generosidade, e descobre enfim, que tudo é pura exibição de amor. Afinal, "Deus amou o mundo de tal maneira que DEU..." (Jo 3:16).

Igor Miguel
3 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

Notícias da I Assembleia #IgrejaNaRua



Atenção militantes e apoiadores do movimento ‎#IgrejaNaRua

A ata com os detalhes da I Assembleia #IgrejaNaRua pode ser baixada aqui (PDF) http://www.teologo.org/ataiassembleia.pdf 

Definiu-se que #IgrejaNaRua é um movimento apartidário de iniciativa cristã evangélica de oração, conscientização e pressão política. A orientação política do #IgrejaNaRua é definido por seus devidos marcos ideológicos e princípios de fé disponíveis em documento aqui: http://www.teologo.org/iassembleia.pdf

Foi proposto e aprovado em assembleia que o movimento deve ser composto por uma secretaria de mobilização, comissão executiva e um conselho consultivo, cujas atribuições estão definidas na referida ata.

Os membros da secretaria de mobilização e comissão executiva já foram definidos, ficando aqueles do conselho consultivo a serem indicados e votados em assembleia junto a um fórum em data a ser divulgada.

Acompanhe notícias sobre o movimento em nossa fan page www.facebook.com/movimentoigrejanarua

Por favor, compartilhem esta notícia,
Grato,
Igor Miguel
1 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

Corruptus Sum

Ele passa pela deformidade e se esforça para sair intacto do outro lado. Como um tolo, anda ao redor da alma quase engolido por sua insensatez. Prende a respiração e vai, meio que criando dispositivos psicológicos para ignorar a presença do feio. Se pudesse, teria um botão de não-existência, um tipo de tecla "delete" ontológico, fria indiferença. As racionalizações são as mais sombrias. Em milésimos, dezenas de conexões falaciosas são elaboradas: a culpa é do poder público, a culpa é do egoísmo do outro, a culpa é do empresariado, da igreja ou dos detentores do poder e da burguesia. Enfim, esquece-se que a luta é contra si mesmo, que o outro não passa de mero reflexo de sua própria perversidade. Sua agenda revolucionária é contra a corrupção que eventualmente pode corromper até mesmo o "oprimido" diante de algumas migalhas de poder. Desta forma, curva-se à velha tentação de torna-se como Deus. E, finalmente, torna-se exatamente aquele contra quem lutava, torna-se exatamente como sempre foi: corrompido.

Igor Miguel
26 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

I Assembleia #IgrejaNaRua

O movimento #IgrejaNaRua vem crescendo e estamos nos organizando para uma assembleia em Belo Horizonte, no próximo sábado, você está convidado.

24 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

O Cristão e a Política

Um excelente vídeo do teólogo Franklin Ferreira a respeito do longo envolvimento do povo de Deus e do cristianismo na arena política:

Fala #IgrejaNaRua na IBL

Prezados leitores,

Continuamos na luta, junto com vários irmãos de várias comunidades de fé, pela articulação de um movimento apartidário, orgânico e cristão dentro do grande movimento nacional de revindicações políticas.  Ontem, falamos na Igreja Batista da Lagoinha, no culto das 21 horas, a respeito da necessidade da comunidade evangélica se fazer presente nas ruas, na vida pública e nas questões sociais e políticas.  

Disponibilizamos aqui o texto de nossa fala ontem. #IgrejaNaRua



20 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

#igrejanarua


Atenção pessoal,

O movimento dentro do movimento começou.  Cristãos de diversas confissões, denominações e ministérios, do Brasil inteiro, estão se articulando para uma participação cristã sóbria no atual cenário das manifestações que ocorrem em todo território nacional.

O nome deste movimento é #IgrejaNaRua, para identificá-lo nas redes sociais clique aqui e veja quanta gente está espalhando este movimento nas redes sociais.

Em Belo Horizonte, onde começou o movimento #igrejanarua, algumas ações estão sendo tomadas de modo que haja uma presença cristã local nas manifestações.  Várias comunidades e líderes locais estão se articulando neste sentido.   Para se informar em tempo real das articulações que estão ocorrendo acesso a página do movimento no Facebook.

Então, atenção para a presença da #igrejanarua na manifestação em Belo Horizonte neste sábado (22/06) e a pauta provisória de revindicações:



>>> NÃO É UM NOVO PROTESTO, mas sim um chamado à manifestação!!!

Cristãos que dizem não ser o nosso papel atuar na nossa sociedade estão rejeitando o nosso mandato de cultivar e cuidar desse mundo!!

"Jesus orou para livrar você do mal, e não para tirar você do mundo."

A turba precisa de sua presença, do seu serviço e de sua cruz.

Não é tempo de iludir-se com um movimento tão desfocado e carente de objetivos realizáveis (afinal, “é muito mais do que 20 centavos”).

Menos ainda de ficar assistindo ou cuspindo palavras de desprezo. Você, que é Cristão, você sabe melhor.

Você não sonha com o reino terreno das velhas e novas esquerdas, nem com memes de Facebook, nem acredita que swarming é suficiente para transformar um país; tampouco é um acomodado chafurdado no sistema de consumo e esperando morrer para ir para o céu. Você não é utópico mas também não é cínico, porque você tem esperança, que é algo muito maior e mais sólido.

Então, se quiser ajudar ao invés de virar massa de manobra, tome a sua cruz e plante a baderna de Deus no meio dessa baderna humana".

Guilherme de Carvalho, sobre as manifestações. (Link do texto na íntegra: http://goo.gl/sZOs3)

>>>AOS CRISTÃOS, VAMOS ÀS RUAS!!!!

Nossas causas são legítimas:

1. Pela prioridade dos investimentos públicos em saúde, educação e segurança.
2. Imediato planejamento e obras do METRO-BH
3. Pelo arquivamento da PEC 37 no Congresso Nacional
4. Pela saída imediata de Renan Calheiros da presidência do Senado Federal e cassação automática dos mensaleiros condenados no STF (Genuíno, João Paulo Cunha...)
5. Alteração legal para que os crimes de corrupção sejam classificados como hediondos.
6. Pela imediata investigação dos desvios e irregularidades nas obras da Copa e do BRT, identificação e punição dos responsáveis.
7. A aprovação do orçamento impositivo, impedindo que o Executivo desvie as verbas das saúde e educação para "fazer caixa", como ocorre todos os anos.

Vamos protestar sem violência, com faixas e cartazes, através desse meio legítimo que é a manifestação!

>>>> EVENTO da manifestação em Contagem:
LINK: http://goo.gl/rxAFl
Sábado, 22/06, concentração às 10:00 na Praça do Iria Diniz.

>>>> EVENTO da manifestação em BH:
LINK: http://goo.gl/yvLuj
Sábado, 22/06, concentração às 10:00 na Praça Sete e saída às 14:00 em direção ao Mineirão.

>>>>>>>>>Vamos nos encontrar 13:45 nas escadarias da Estação Central do metrô em BH e seguimos para a Praça 7.


"Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva" (Isaías 1:17)


19 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

A baderna de Deus e a baderna dos homens


Por Guilherme de Carvalho 

No princípio foi disso que a chamaram: “baderna!” Foi assim que a “imprensa vendida” descreveu o movimento. Mas enquanto ela subestimava o povo um sopro de expectativas varreu as redes sociais, insuflando chamas de esperança em alguns, causando arrepios de indignação e desprezo entre outros. Conservadores só viam a baderna e as bandeiras do PSOL, do PSTU e do PCO; a juventude à esquerda viu um futuro, um sentido, um sinal de que estamos vivos e que coisas novas podem acontecer.

“Mas veja bem” – foi a reação imediata de alguns – somos Cristãos. Ordeiros. E “Deus não é deus de confusão” – não é assim que o apóstolo Paulo escreveu em uma de suas cartas? Todos nós sabemos disso. Todos nós, evangelicais ou reformados; só a esquerda e os “pentecostais” é que não sabem. Crente não se mete em confusão!

[continue lendo no site da Ultimato...]

Manifestações: uma conversa.

Os manos Victor Bimbatoo (Brasília-DF), Rafael Lopes (Rio de Janeiro-RJ), Rodrigo Rosa (Uberlândia-MG) e eu tivemos uma conversa aberta ontem sobre as atuais manifestações que ocorreram em diversas cidades brasileiras.  Todos nós somos cristãos, e achamos por bem, abrirmos esta conversa, de modo a darmos início a esta discussão séria que é o papel do cristão em questões políticas e culturais.  Principalmente, diante deste movimento que não pode ser ignorado por ninguém.

17 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

A Revolta do Vinagre

A jornalista Nilce Moretto nos brinda com uma excelente revisão dos fatos.  Entenda as recentes manifestações, principalmente aquela que aconteceu em São Paulo, já apelidada de "A Revolta do Vinagre". 


6 de jun. de 2013 | By: @igorpensar

Aprovação no Mestrado da USP

Prezados leitores,

Este post é só para agradecer aos amigos, irmãos e companheiros de jornada vocacional, que oraram e nos encorajaram até este dia de graça, que foi a conclusão de nosso mestrado em letras, em particular, na área de língua hebraica, literatura e cultura judaicas, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.  Fomos aprovados pelos três membros da banca.

Reservo todo louvor e glória ao Deus que, em Jesus Cristo, graciosamente nos fez chegar até este dia.  Agradeço a Ele, pois só Ele sabe com precisão que sem os recursos que procedem de sua graça, seria impossível,  por mim mesmo, concluir tal encargo.

Confesso que foi muito emocionante apresentar a relevância de uma pedagogia pré-moderna como "Provérbios de Salomão".  Em mundo permeado por diversos paradigmas educacionais, defender que há uma voz pedagógica e bíblica antes mesmo das grandes civilizações ocidentais, foi uma tarefa difícil.  Mas, parece que se tornou plausível.

Agradeço aos membros da banca, especialistas em Bíblia/língua hebraica e na área educacional, minha família (esposa, filho, mãe, sogra e cunhada) e o mano Wagner Pessoa por sua presença na defesa.   Agradeço a Katarine por nos acompanhar no almoço após a defesa.

Obrigado aos amigos de comunidade de fé, meu pastor (Guilherme), amigos do peito (Aender, Tiago e Erike) por nos encorajar, agradeço muito mesmo. Muito obrigado por aqueles que passaram em nossa vida e contribuíram diretamente ou indiretamente com o sucesso deste trabalho.  Muito obrigado pelos diversos e-mails, mensagens e twitters de encorajamento e as orações.

Agradeço aos membros da banca: Profa. Dra. Ana Szpiczkowski (orientadora), Prof. Dr. Reginaldo Gomes de Araújo (FFLCH/USP) e Profa. Dra. Mitsuko Aparecida Makino Antunes (PUC-SP).

A banca nos encorajou a publicar a investigação em forma de livro e partirmos para o doutorado, vamos orar e pensar um pouco a respeito.  Mas se esta for a vontade Deus, o faremos.

Em breve, a investigação estará disponível para todos no "Banco de Dissertações e Teses" da Universidade de São Paulo, informarei por aqui.  O título da investigação é: "Mischlei" e Mediação Educacional: uma análise pedagógica de Provérbios de Salomão

Enfim, graças a Deus e obrigado a todos!

Soli Deo Gloria,

Igor


19 de mai. de 2013 | By: @igorpensar

I Simpósio de Educação e Teologia



Domingo de Pentecostes [áudio]

De acordo com o calendário cristão, cinquenta dias após a Páscoa, celebra-se o Dia de Pentecostes.  Abaixo, encontra-se uma breve reflexão sobre o sentido desta data tão importante*.  Neste dia  cristãos rememoram a dádiva do Espírito Santo e a Igreja sendo impulsionada em missão pelo mundo.  Lembremos e busquemos uma vida cheia do Espírito Santo, que testifica a respeito de Cristo e nos capacita a testemunharmo o senhorio de Cristo por todo o mundo.

*O áudio é de uma gravação realizada em 2012.

Você pode ouvir esta ministração na íntegra abaixo ou baixá-la em MP3 e ouvir em seu mp3-player.







[aperte "play" para ouvir]

[baixar o arquivo mp3]


15 de mai. de 2013 | By: @igorpensar
14 de mai. de 2013 | By: @igorpensar

Manipulação Pseudo-Pastoral

Infelizmente, alguns púlpitos estão sendo tomados por impostores, lobos vorazes e tiranos.  Sujeitos inescrupulosos que transformam o púlpito em um instrumento de manipulação de massas.  Tais sujeitos ferem o Evangelho e a memória de nossos reformadores, que precisamente se opuseram a este tipo de uso vergonhoso do lugar donde Cristo deveria ser pregado.

O pastor Ed René Kivitz faz uma importante denúncia sobre o uso instrumental do púlpito e do discurso religioso.


13 de mai. de 2013 | By: @igorpensar

Entrevista: mamãe Jú



Ontem foi dia das mães, então, em homenagem a estas mulheres virtuosas, fiz uma entrevista com uma mãe pela primeira vez, minha esposa Juliana Miguel.  Testemunho todos os dias sua dedicação e amor por nosso filho João.  Mais do que isto, ela dá conta de ser esposa e aguentar um chato como eu todos os dias, não é mole não rapaziada.  Longe de ser perfeito e idealizado, nosso casamento é como qualquer outro: cheio de contratempos, contas a pagar, nem sempre temos o tempo necessário para cada coisa, mas decidimos permanecer juntos, e ter Jesus como centro absoluto de nossa existência.  E nesta brincadeira, já estamos caminhando para nosso décimo ano de casados (8 de junho), com muita gratidão e evidências concretas que Cristo está conosco, cuidando milagrosamente de cada detalhe de nossa vida.

1. Pra você, o que significa ser mãe?
Ser mãe significa me abdicar de várias outras coisas, servir a alguém tão dependente e frágil, amar incondicionalmente e viver integralmente para o presente que Deus lhe deu.

2. Tem alguma coisa de sua mãe que serviu de inspiração pra você?
Sim. Renúncia dos próprios interesses para cuidar dos filhos, ter prazer em cozinhar.

3. Qual foi a maior novidade pra você na experiência de ser mãe?
Poder olhar para o meu filho e vê-lo como parte de mim e do meu amor Igor.

4.  Você é formada em fonoaudiologia.  Como tem sido a experiência de dedicar-se em tempo integral a um filho e não dividir este tempo com o trabalho formal? Você acha importante dedicar este tempo ao João? 
Acho muito  importante ter o tempo integral para poder me dedicar ao João, preparar sua comida, educá-lo,brincar com ele. Ás vezes sinto falta de me dedicar um tempo ao trabalho formal e também poder contribuir para as finanças do lar, porém preciso deste tempo que é único na minha vida e na vida do meu filho e assim cuidar eu mesma da herança que o Senhor me deu.

5. Qual tem sido a maior dificuldade nesta recente experiência maternal?
Não ter tempo de pensar e cuidar um pouco de mim e dos meus interesses, como ir ao cinema, restaurante, estudar para concursos, mas acredito que há tempo para tudo debaixo dos céus, e este tempo Deus reservou para eu simplesmente ser MÃE!

6. Você vê alguma relação entre "servir a Deus" e "ser mãe"?  Você encara isto como vocação?
Sim, certamente é uma vocação que Deus me confiou e tento fazer da melhor maneira possível.

7. Fale sobre coisas que você nunca percebeu na relação de sua mãe com você, que agora como mãe você percebeu.
Amar incondicionalmente, preocupações com o sono, alimentação, no cair e se machucar, em poder proporcionar uma boa educação e transmitir a fé em Jesus. 

Soli Deo Gloria
26 de abr. de 2013 | By: @igorpensar

Defesa Dissertação do Mestrado

Prezados leitores,

Este é um convite aberto a todos que queiram comparecer à defesa de minha dissertação de mestrado, que acontecerá no dia 5/6 no prédio da Administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).   Maiores informações sobre horário e local pode ser acessado aqui: http://www.pos.fflch.usp.br/node/38905

Tema:
Mischlei e Mediação Educacional: uma análise pedagógica de Provérbios de Salomão

Orientador:
Profa. Dra. Ana Szpiczkowski

Banca:
Profs. Drs. Reginaldo Gomes de Araújo (FFLCH - USP) e Mitsuko Aparecida Makino Antunes (PUC-SP).


Abraços,
Igor Miguel





17 de abr. de 2013 | By: @igorpensar

Evangelho na Perifa

 Por Igor Miguel


Sou educador e lido com crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social todos os dias úteis há quase três anos.  Dentre muitas coisas que aprendemos sobre a periferia, como o tráfico, a violência, a pobreza e o abuso, também aprendemos sobre como a visão de Deus, a religião e a fé são temas muito presentes nestes contextos.

Todos que já trabalharam como voluntários ou educadores em comunidades deste perfil, já perceberam o número impressionante de crianças e adolescentes que se afirmam cristãos evangélicos.  Porém, algo que já percebia nas comunidades evangélicas de classe média, acabei encontrando, com um pouco mais de expressividade, dentre estes de aglomerados e complexos da Grande Belo Horizonte.

Nitidamente, comecei a perceber um tipo de evangelicalismo placebo, algo bem comum e familiar a todos nós: aquele tipo de crente que tem um linguajar peculiar, reproduz determinadas expressões e trejeitos muito comuns na maioria das igrejas evangélicas.   É predominante, em tais meios, um tipo de visão de mundo afetado por demônios, batalhas espirituais, com tempero de teologia da prosperidade e uma pitada de auto-ajuda e por aí vai.

Se a coisa anda meio complicada nas comunidades centrais, nas periféricas vemos a face mais sombria disso tudo.  Lá, eles reproduzem o que algumas igrejas centrais produzem, porém, muito mais estereotipado, chega ser meio trash e perturbador.

Mas, Igor, você está sendo um pouco intolerante, não?  Que nada, agora que vou mostrar minha verdadeira intolerância.  Então segura negada!

Pois é, o lance é o seguinte, o que vejo nestas comunidades é algo muito mais sombrio.  Vejo uma igreja evangélica “desevangelizada”.  Simplesmente, não há evangelho lá.  Há uma outra coisa, um teatro, um tipo de emocionalismo de massa travestido de linguagem gospel.  E sinceramente, acho tudo isso aterrorizante, sombrio e alarmante.

Um dia, fui convidado para falar a respeito da páscoa para um grupo de crianças e adolescentes de um determinado aglomerado.  Então lá fui eu.  Preparei um vídeo, na verdade um animê, que reproduz a crucificação na perspectiva do “ladrão da cruz”, que se converteu.  Mas antes de exibi-lo, quis introduzir a temática da páscoa, crucificação e ressurreição.  Caí na boa “besteira” de fazer algumas perguntas para curto-circuitar cérebros e espíritos cativos de uma mistura de “eu quero tchu, eu quero tcha” com “muda toda mexe com minha estrutura".

Primeiro lhes perguntei como uma pessoa poderia ser aceita por Deus, a resposta foi quase unânime, com poucas variações: uma pessoa é aceita por Deus quando cumpre seus mandamentos, quando lhe obedece.  Claro que a esta altura, fiz inúmeras conexões sócio-religiosas e doutrinárias.  Ali estava eu, testemunhando o tipo de evangelho moralista que domina a periferia, mas que também, é uma reprodução da teologia das igrejas ditas “centrais”.  Então, tive a coragem de fazer uma pergunta, que só confirmaria o que já sabia por intuição: quantos deles frequentavam alguma igreja evangélica?  Maldito empirismo!  Claro, os dados estavam diante de mim, todas as mãos, dos quase vinte, levantadas.  Pasmem, eles não são católicos, são evangélicos!  Nominais, é claro, em sua maioria esmagadora.  Ué?  Existe isso entre evangélicos?  Agora existe meu filho.

Claro, aproveitei a oportunidade, e disparei uma pergunta básica: Se somos aceitos por Deus pelo que fazemos, então qual é o valor do que Jesus fez?  Por que precisamos de Jesus Cristo?  Por que Ele morreu na cruz?  A esta altura, ouve-se aquele barulhinho do “Windows” quando dá um erro... “fam!”.   Pois é, quase ouvi os grilos... então, o silêncio foi interrompido com um corajoso que disse: Ele morreu para perdoar nossos pecados.  Síntese?  Tá bom.

Vamos esclarecer as coisas.  O negócio é o seguinte, você se chega a Deus pelo que você faz ou deixa de fazer. Beleza, uma religião moralista bonitinha.  Aí, quando você pisa na bola, corre pra Jesus e pede o perdão pelo sangue dele.  Depois que você é perdoado, lá vai o crente, mais uma vez, tentando fazer tudo bonitinho, e como em um círculo vicioso, ele vai fracassar, e pronto, sente-se mais uma vez dentro do inferno.   Este é o evangelho da “perifa”, mas também das “centrais”.  Das igrejas dos aglomerados, é verdade, mas também das de classe média.  Uma bela religião de formalismos, aparências, linguagens sem conteúdo, frases reproduzidas e toda esta tranqueira adornada com um adesivo do tipo “Deus é fiel!”.  Uma frase de efeito desprovida de qualquer conteúdo para as pessoas que a ostentam.

Então, tive que abrir o jogo, e comecei a anunciar o evangelho e comecei afirmando: todos nós nos chegamos a Deus por um único mediador, Jesus Cristo.  O que Deus fez ao enviar o seu Filho é gigantesco, e não há nada que possamos fazer, que impressione a Deus mais do que Jesus crucificado.  Nem um de nós pode fazer o que Jesus fez.  Deus só aceita uma obra e uma obediência no universo: aquela que seu filho Jesus Cristo realizou.  Logo, se você quer impressionar a Deus pelo que você faz, já é hora de desistir.  Deus já está impressionado e seus olhos estão fixos e uma única coisa: a obediência de Cristo.  Se você quer ser aceito por Deus, corra pra Jesus!  Abrace a obra de Jesus, e finalmente, acredite que tudo que Ele fez foi suficiente.  Não só para te perdoar, mas para te colocar diante de Deus como filho, igual a Ele.  Somente assim, você receberá o dom do Espírito Santo e terá as condições para obedecer a Deus.  Não movido por algum medo, mas por pura gratidão e vontade de servi-lo.  Certamente, você ainda pecará, mas sentirá repulsa pelo pecado.  Afinal, agora você é filho de Deus, você nasceu de novo, já está salvo, já foi aceito por Deus e o pecado será algo que não lhe pertence mais. 

Então, soltei o desenho da crucificação.  No final, só ouvi as fungadas, crianças esfregando os olhos, e finalmente, fiz uma oração com eles.  Solicitei, que só orassem aqueles que realmente acreditavam  que de fato Jesus Cristo é a única obediência e obra aceita por Deus, e que só há um jeito de uma pessoa ser aceita  por Ele: crer em Jesus, dar crédito à sua obediência.  A questão não é aceitar Jesus, é ser aceito por Deus em Jesus.

Conclusão?  Muitos ditos evangélicos, nunca foram evangelizados.  Muitos que sabem de cor as canções pop do meio evangélico, não sabem o que significa a cruz, Jesus, o Evangelho em todas as suas implicações.  Muita gente vive um tipo de religião moralista, baseada em obras pessoais, e ainda acreditam, em um “jezuizinho”, que só serve pra perdoar pecados eventuais em uma fracassada tentativa de atrair a atenção de Deus por “obras legalistas”.   Definitivamente,  evangélicos centrais e periféricos, precisam ser evangelizados.  Pode acreditar!  Quem sabe assim, os centrais sejam evangelizados pela periferia. Porque o contrário, até agora, não funcionou.
13 de abr. de 2013 | By: @igorpensar

Breve Caminhada

Por Igor Miguel

"...como estrangeiros e peregrinos no mundo..." I Pe 2:1

Peregrinação: do latim per agros, literalmente 'andar pelos campos'

Quando eu era criança, costumava deitar no chão cimentado da minha casa e olhar para o céu limpo.  Com os olhos fixos no infinito azul, me perguntava: – Será que Deus mora depois do azul?  Claro que aquele era o “grande” de uma criança, Deus não podia ser contido por algo tão limitado.  Mera filosofia infantil certamente, mas nem por isso menos consciente.  Se tudo que eu via era enorme, aquele que o criou deveria ser muito maior.  Se Deus existe, talvez eu o encontraria na infinitude, na enormidade e no mistério, talvez, depois disto tudo, ele estaria lá me esperando.  Irresistível e fascinante atração.

Em outros momentos, minhas reflexões e experiências com lupas, provocavam minha curiosidade a respeito da complexidade das coisas pequenas: formigas e pequenos insetos.  Claro que as estrelas e o escuro do céu à noite me fascinavam, mas como coisas tão insignificantes podiam ser tão sofisticadas, pensava.  Qual é o limite da pequenez?

Adorava ir à praia com uma máscara de mergulho e ver aquilo que parecia um universo paralelo: peixes, algas, ouriços, pedras, conchas e estrelas do mar, aquilo que a maioria das pessoas simplesmente ignora. Eu, com aquele simples dispositivo, me sentia alguém solitário contemplando peixes bailando como em uma coreografia harmoniosa.  O fundo do mar parece outra dimensão.

Na minha juventude, tinha medo de compartilhar minhas curiosidades, dúvidas e impressões.  Lá estava eu capturado pelo sensus divinitatis (senso da divindade), diante de um Deus que se exibe de forma estonteante.  Mas, paralelo ao fascínio, lá ia eu à escola, lugar da razão rigorosa, da lógica implacável e das explicações causais.  Tudo que era misterioso, tornou-se explicável, tudo que era belo, reduziu-se a números, frequência de luz, amido e partículas atômicas.  O único mistério que não podia ser domado por tais categorias era o amor, infelizmente, cativo pela banalização erotizante de nossa era.  O amor e o sexo pareciam fascinantes, pois me pareciam possuidores de alguma pulsão transcendente, mas se misturavam com a banalidade e as piadinhas de corredor de escola.  Até mesmo, o que me sobrara de misterioso e sacro, agora era profanado por uma cultura que adorava transgredir.

No meu mundo, pouca coisa de sagrado sobrara, apenas na Igreja, esperava encontrar algo de santo.  Lá, pessoas choravam diante do sagrado, as senhoras oravam fervorosamente, os cânticos e pregadores contagiavam corações com as narrativas bíblicas.  Aquele texto sagrado devolvera meu fascínio por Deus.  Moisés fala com Deus, os reis recebem profetas, anjos se encontram com homens, Deus se faz carne e cura cegos, paralíticos e confronta os demônios.  E mais tarde, em Apocalipse, encontram-se bestas, guerras celestiais e um Cristo vitorioso montado em um cavalo branco.  Livro fascinante este que chamam de Bíblia.

Na vida comunitária, olhava para os mais piedosos e para minha própria vida, e vivia naquela tensão interna, entre a hipocrisia e a mera reprodução da piedade.  Queria ser como aquele “irmão consagrado”, mas me faltavam recursos, a máxima paulina era insistente: eu quero fazer, mas não faço.  Até que enfim, se ergueu Cristo.

Cristo se levantou de forma incrível, fui tomado de consciência.  Jesus não me acusou de nada, eu mesmo pude ver minhas sujeiras mais profundas a partir da luz que dele emanou.  Eu andava em trevas, mas nele vi graça e verdade.  Com as mãos estendidas, não tive medo, me levantei, em lágrimas, torrentes, mas me levantei.   Por um instante, ali estava meu Senhor e meu Deus, não era uma visão, não era um sonho, nem imaginação, não era um presença empírica.  Era a narrativa de Cristo, era o Cristo ressuscitado, contado pelas Escrituras, preservado pelos mártires, anunciado pelo pregadores.  Seu Evangelho me atingiu em cheio.  Não pude resistir.  Quem ousaria resistir?

Diante do espetáculo de amor tão penetrante, só me restou uma modesta afirmação, que brotava dos lugares mais profundos da minha existência, eu simplesmente disse: – Eu creio!   Fui tomado de alegria, de plenitude, uma vontade de me entregar a tudo aquilo, deixando tudo para trás.  Eu só queria ser acolhido por aquela presença.  Quase lhe fiz uma tenda, reproduzindo a vontade dos discípulos na transfiguração.

Decidi, desde então, construir todas as minhas ações e vida, sob o Cristo inabalável, sobre a Rocha, e não na areia móvel.  Por um tempo, me aventurei, por ignorância e orgulho, em me afastar dele, tentei encontrar sentido em algo que não fosse apenas Cristo, quase fui absorvido pela mentira e a ilusão.  Mas, a aparição do pastor atrás de sua ovelha perdida, novamente, me trouxe à épocas áureas de gratidão e arrependimento.  Como o filho pródigo, corri ao encontro daquele que me chamou outrora.

Finalmente, nesta caminhada, desfrutei da verdade que Jesus e os apóstolos ensinaram:  não há nada estável no universo, tudo é volátil e fluido.  Cristo é a única coisa que se pode lançar irrestrita confiança e crédito.  Toda vitalidade e alegria procedem de uma fé resignada e insistente em Jesus.  Como ele disse:
“Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior, fluirão rios de águas vivas.” (Jo 7:38).  
E não pense que Jesus é um gênio da lâmpada que realiza todos os seus desejos idólatras.  Ele não é um ídolo ou fantoche que obedece seus caprichos religiosos.  Ele é indomável, quase selvagem, como diria C.S. Lewis.  Jesus faz o que apraz ao Pai, e nós aprendemos a tratar nossos interesses privados à boa, perfeita e agradável vontade de Deus.  Finalmente, aprende-se que liberdade autêntica só é possível nos domínios do Deus que se revela em Jesus Cristo.  Uma liberdade que se traduz na oração que o Senhor nos ensinou: “Seja feita a tua vontade!”.

Soli Deo Gloria