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A Sabedoria para Além do Racionalismo", de fato, há no conceito de sabedoria hebraico, um elemento muito rico que pode ser explorado pela educação em sentido amplo. Como ainda vivemos em uma sociedade técnico-capitalista, pedagogias enraizadas no pensamento cartesiano, uma educação concentrada no racionalismo e no desempenho cognitivo, ainda possuem muito peso. Por outro lado, a concentração demográfica nas grandes metrópoles contíguo ao individualismo tão perturbador, provoca em educadores uma inquietante pergunta:
não está na hora de uma educação que considere outros fatores da complexidade humana?A educação concentra-se na inteligência lógica, no desempenho cognitivo, na habilidade técnica, por uma questão óbvia, atender uma demanda mercadológica. Os ídolos da modernidade são o mercado e a produtividade, naturalmente, a pedagogia e a atuação educacional se concentrará neste sentido:
fornecer o máximo de estímulo tendo em vista a formação técnico-cognitiva.A pedagogia tornou-se reducionista, tanto como a sociedade atual reduziu-se ao mercado e ao capital. Assim, como a esfera capitalista devora os outros aspectos da complexidade humana, inevitavelmente a educação deixou-se devorar por esta lógica. Como instituição pública, a escola, uma dimensão cada vez mais sujeita ao mercado, mensura seu desempenho a partir do mesmo paradigma.
A grande contradição é que há um falso discurso de que tudo na vida é s
ucesso financeiro e
desempenho profissional. Por outro lado, os homens procuram estabilidade emocional, afetiva e social, uma realização subjetiva, que o mundo objetivo não consegue preencher.
Como lidar com esta contradição? Eis um terreno que a educação está distante. A pedagogia moderna não ensina os jovens a lidar com a complexidade da vida humana, não introduz seus aprendizes aos desafios e contradições da vida espiritual, da vida social e dos dilemas de um mundo cada vez mais truculento. O que se vê são jovens cada vez mais apegados a um reino de conforto e de "realizações digitais", do que sujeitos treinados para lidar com a vida social e com o mundo do convívio.
Não há uma educação orientada para o "homem", para os dilemas internos da vida humana, não há uma educação concentrada no plano vital, na responsabilidade social. É claro que não se pode generalizar. De fato há iniciativas aqui e acolá, que procuram desenvolver a solidariedade e convivência, mas a realidade em escolas públicas de periferia é nua e crua. Há um abismo monstruoso entre o que a escola promete e a realidade de se viver em comunidades excluídas.
A sabedoria hebraica pode ser inspiradora neste sentido. As "instituições comunitárias" (família, a comunidade religiosa, escolas, etc) são as grandes responsáveis por introduzir seus jovens à vida. Um pedagogia pela sabedoria, orientaria os jovens ao princípios do "saber viver", não somente a viver uma experiência lógico-matemática, mas à compreender os dilemas de sua vida afetiva, dando sentido aos próprios sentimentos, procurando meios para o desenvolvimento da convivência com o outro no mundo, considerando as relações humanas um universo de possibilidades desafiadoras.
Neste sentido, o elemento ético presta um serviço importante. Lidar com dilemas éticos pode ser muito elucidativo. De alguma forma, o que se vê são pais criando seus filhos privando-os de experiências desconfortáveis, são jovens entorpecidos pelo conforto, que não sabem sofrer e lidar com adversidades. Os efeitos de uma educação analgésica, pode trazer efeitos desastrosos a jovens que mais tarde estarão diante da vida em toda sua brutalidade, sem ferramentas adequadas para lidar com tais desafios.