22 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

Diálogo: o logos em via de mão dupla

Por Igor Miguel

Martin Buber, acima de qualquer rotulação, pode ser qualificado como um 'filósofo existencialista'. Mas, sua filosofia é acima de tudo monoteísta-judaica. Buber é o reflexo de um antigo modus cogitare bíblico, com raízes profundas em uma civilização que derruba os mitos e problematiza a existência de múltiplas forças "espirituais" que "animam" as coisas.

Buber retoma a visão de mundo dos chassidim, o desdobramento último de um religião ordinária e consegue retirar da inteligência dos 'rebes' princípios que tocam as profundezas do que geralmente considera-se superficialidade, trivialidade ou rotina.

Para Buber as coisas não são 'coisas' autônomas, elas são por causa da palavra. Para Buber, a palavra está antes das coisas e o que existe, só existe enquanto e a partir da palavra.

A relação sujeito-objeto é denominada por Buber por "EU-ISSO", uma relação "monológica", pois não se espera uma resposta do ISSO. Por outro lado, há a estrutura EU-TU, enquanto relação dialógica, o logos (palavra) que se emite e que se recebe.

Para Buber, o EU enquanto aquele vai ao encontro do TU, só é EU (existente) quando se relaciona ou se vê no TU. Sem o TU, ou sem o diálogo, não há humano. Por outro lado, qualquer primazia ao ISSO, resultaria em coisificação*, em uma não-humanização e finalmente a não-existência.

"Se o homem não pode viver sem o Isso, não se pode esquecer que aquele que vive só com o Isso não é homem" (BUBER, 2007, p.37).

O Isso precisa ser compreendido, a partir da dialogicidade EU-TU, do diálogo, de uma perspectiva obviamente humana. Porém, esta relação estrutura-se pela "palavra", que ordena, que filtra a realidade, que evoca sentido nas relações inter-subjetivas ou inter-objetais.

O sacramento do diálogo encontra-se em sua etimologia, uma palavra que vai e que volta. Exatamente este 'logos' que sai do emissor, espelha-se, refrata-se e volta ao EU, que cria os vínculos que remetem ao diálogo primevo entre o ser que dirige a palavra e o que a traduz e a devolve como palavra subjetivada, humanizada.

O diálogo não acontece necessariamente pelo "dito", pela locução e pela sonoridade, ela se traduz em palavras que já estão e são decodificadas ou traduzidas por gestos, olhares, abraços, beijos ou intercurso corporal. O diálogo é esse vínculo romântico, sedutor na relação com o outro, essa mensagem que vai, mas volta como um 'querer-ouvir' e 'ser-ouvido', alteridade no sentido mais profundo da palavra.

Em uma realidade em que as pessoas servem às coisas e aos objetos, o diálogo é um interessante referencial para elaboração de ethos para a vida moderna, pois converte o objeto e a técnica em servos do humano e não senhores destes. A burocracia enquanto racionalização, controle das coisas e mecanismo de vigilância do fluxo dos valores objetais, pode ser restruturada a partir de pequenos gestos dialógicos que reconstituam a racionalização, humanizando-a. Conforme Buber (2007):

"Não há fábrica nem escritório tão abandonado pela criação que neles um olhar da criatura não se possa elevar de um lugar de trabalho ao outro, de uma escrivaninha à outra, um olhar sóbrio e fraternal, que garanta a realidade da criação que está acontecendo: quantum santis. E nada está tão a serviço ao diálogo entre Deus e o homem como esta troca de olhares, sem sentimentalidade e romantismo, entre dois homens num lugar estranho".

O grande perigo de um homem que estrutura sua existência pela relação em que o ISSO prevalece sobre o EU, é que esse sujeito tem sua percepção da realidade distorcida. A relação EU-ISSO é sem reciprocidade e resposta, é de natureza monológica. Um sujeito acostumado com o objeto silencioso, relaciona-se com outros homens a partir desse paradigma, tratando-os de forma silenciosa, como sujeitos sem resposta, sentimento ou competência. Esta relação objetal é cruel, pois desaloja a subjetividade do outro, arranca-lhe a "alma", rouba-lhe sua preciosidade humana e singularidade. Resultado? Um homem truculento, bruto e insensível.

Por outro lado, o homem dialógico é provocador, apaixonado, fluido e romântico. Permite-se e abre-se para o outro, deixa-se levar, mas também deixa-se ir, devolve-se ao outro enquanto si. O sujeito dialógico é curioso, quer ouvir e apaixona-se pelo que o outro tem a dizer e a entregar. Ele também espera uma resposta humana, não elogios demagógicos ou de natureza bajuladora, mas a verdade que liberta, voz e palavras de uma natureza familiar. Esse é o o proprietário da palavra que vai, mas volta.

Ainda assim, o homem não vive sem o ISSO. Mas, como lidar com ISSO sem que ele se apodere do humano? Lidando com o ISSO sob uma perspectiva humana. Uma abordagem humana sobre o ISSO, implica em lidar com a realidade de forma generosa e sustentável, implica em uma postura ecologicamente humana. O que não se traduz em termos animistas ou panteístas, como se entidades autônomas estivessem na materialidade ou na natureza, que com certeza não é um ente orgânico - Gaia. Mas, entender que pela palavra tudo foi ordenado a serviço e sustento do humano, mas pela mesma palavra imprimir na objetividade a subjetividade.

O homem tem um nome, que se traduz em termos de subjetividade e identidade, por isso pela palavra pode nomear o ISSO, imprimindo nele sua humanidade, sua generosidade dialógica, pela palavra que vai, mas volta. O logos*** em via de mão dupla!

formatis igitur Dominus Deus de humo cunctis animantibus terrae et universis volatilibus caeli adduxit ea ad Adam ut videret quid vocaret ea omne enim quod vocavit Adam animae viventis ipsum est nomen eius - Gênesis 2:19**.

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REFERÊNCIAS

BUBER, Martin. Do Diálogo e do Dialógico. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2007.

_____________. Eu e Tu. 10 Ed. São Paulo: Ed. Centauro, 2006.

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*Coisificação: O termo não é usado por Buber, apesar do processo "coisificação" estar presente indiretamente em suas idéias. Adaptação do termo "reificação" usado por Karl Marx. Refere-se ao processo de alienação, em que o ser humano enquanto força produtiva, se marginaliza em relação à produção, tornando-se nulo, objeto e coisa, descaracterizando as matizes que o fazem humano.
** Tradução : "Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles".
*** Uso o termo em seu sentido simples em grego λογος (lógos), simplesmente como 'palavra', mas também ligado ao sentido que São João dá ao termo, associado ao hebraico דבר (davár), em que a 'coisa' e a 'palavra' estão semanticamente integrados.


21 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

Finalmente Graduado

Finalmente, terminei minha graduação em pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais ontêm (dia 20/12) à noite.  A cerimônia de colação de grau foi incrível, foram momentos realmente de muita alegria.  Agradeço minha esposa, meus pais, minhas irmãs, meus sogros e meu sobrinho, pela torcida e consideração por este rito de passagem.

Abraços!
Igor
19 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

Pensamento Complexo e um Mundo Complexo (revisado)

Por Igor Miguel

O que está acontecendo com o mundo?

Esta é um pergunta desafiadora e tem implicações profundas com nossa existência neste mundo, pois apesar de não pedirmos para nascer nele, aqui estamos e o desafio está posto. O que fazer agora, que os fatos são tão rápidos e as coisas tão complexas?

Por complexidade, entende-se a percepção de que as coisas que aí estão e os fenômenos que nos deparamos, não são tão simples como parecem. Uma gota d'água, não é uma coisa fluida, é uma composição complexa. Água para químicos é H2O, mas para os que vivem em países em que ela é escassa é sinônimo de sobrevivência e toda uma complexidade de relações que estão envolvidas no fator água.

Durante muito tempo, as coisas e os fatos eram compreendidos dentro de uma linearidade e de leis estáticas que explicavam tudo. Hoje porém, sabe-se que o elemento humano torna tudo mais profundo e com múltiplas matizes e significados.

Falar de complexidade sem evocar Edgar Morin, judeu sefardita, seria no mínimo uma ingratidão. Este filósofo e acima de tudo epistemólogo, elaborou o conceito de pensamento complexo. Basicamente, pode-se dizer que o pensamento complexo lida com a idéia de totalidade, de uma estrutura de partes que interagem e que só estão aí por causa de sua existência nas relações que a sustentam.

A grande contribuição dessa abordagem é que ao invés de se tentar organizar o que é aparentemente caótico, desorganizado, deve-se pensar o descontínuo, como algo inteligível desde que abordado dentro de uma ótica que permite sua estadia aí, na realidade.

Não poucas vezes, o ser humano lida com pequenos "incidentes" irracionais e a-matemáticos, que esbarram em sua rotina que são denominados por ele de coincidências. O que ele faz quando essas coincidências acontece? O homem elabora uma explicação artificial com ares de probabilidade para justificar o não-explicável. A isso os antigos chamavam de "milagre".

O milagre é complexo e é de uma ordem incrível, tão fascinante que não se enquadra aos modelos clássicos de racionalidade. Mas, é um fenômeno e acontece. Um acontecimento não mensurável, incalculável, mas ainda um acontecimento que conflita nossos paradigmas e nos aterroriza.

Interessante a reação do homem com as coincidências, como que por um lapso mesmo os mais céticos viram religiosos, um tipo de xamã, de místico e procura explicar de forma fantástica - ainda que na discrição de seus silenciosos pensamentos - o inexplicável. Incrível, como que neste momento, o homem remente às funções mais "primitivas" de sua mente para lidar com o caos.

O grande problema é que este pensamento dito "fantasioso" ou "místico" é de uma esfera ainda desconhecida para o homem, que prefere artificialmente ignorá-la, dando-lhe ares de infantilidade, quando na verdade é um mecanismo que ele traz desde de sua infância.

Alguns deram asas a esta "imaginação", ingenuamente e sem medo peregrinaram pelas veradas do espiritual, do misterioso e foram absorvidos pelas transcendência.

Porém outros, ao invés de lidarem com um misticismo absorvente, optaram por uma percepção religiosa com uma racionalidade típica e de natureza própria.

A experiência religiosa da fé monoteísta (em todas suas matizes) desafia o mundo a compreender o aspecto transcendente sem perder contato com a realidade. O monoteísmo toca em uma máxima filosófica paradoxal deliciosa: 'o caos ordenado'. O mundo é caótico, não porque ele está aí seguindo uma trajetória não mensurável, mas porque caminha dentro de uma racionalidade de outra natureza, seu eixo tem uma matemática sui generis, para além do que pode-se dizer ou pensar.

Este mundo complexo, mas inteligível, criou uma nova demanda sócio-cultural e um novo desafio cognitivo. O grande desafio é pensar fé, ciência, educação e filosofia a partir dessa complexidade, deste mundo de "milagres" que escapam aos critérios convencionais. A explicação não estaria nem em um misticismo espiritualista icognoscível e nem em um materialismo objetivista e quantificável.

Interessante pensar que a matemática lida geralmente com o 'ideal', mas o 'real' (natural) é cheio de interrupções, números ímpares e primos, de 7 e não de 10. Sabe-se que há um trabalho pela complexidade e pelo caos, mas até que ponto este ainda não é um serviço viciado, uma tentativa de submeter a profundidade da realidade em um tubo de ensaio?

De certa forma, Jesus estava certo quando disse: "Quem não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele" (Mc 10:15). O que é o Reino de Deus, se não este mundo de Deus, do supervisor soberano, que colocou o mundo como um enigma e o homem como um grande curioso? Ele deu o segredo, ser como uma criança, resgatar aquele pensamento complexo, aquele desejo de explicar as coisas por sua natureza e evocar a idéia da um senhor soberano.

Pensamento complexo é pensar como uma criança nesse sentido, de se portar curiosamente e naturalmente, sem se preocupar com o que vão dizer, se recorremos a fantasias, explicações religiosas ou milagreiras. Essas coisas estão aí e os que abandonaram a infância, foram engolidos por um racionalismo sintético e artificial que não leva em conta a multiplicidade cores e matizes nesta grande bolha da vida.

11 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

O que mudou na ortografia brasileira?

Este é um guia prático sobre o que mudou na língua portuguesa. Confesso que é um alívio saber que trema (ü) acabou, e que se restringe apenas as expressões em língua estrangeira, como o alemão "Müller" e outros. Fiquem atentos aos prefixos e às paroxítonas que não são acentuadas. Outra notícia, acabou o acento diferencial.

Segue abaixo um guia rápido disponível na fonte indicada.

Abraços,
Igor
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Guia Prático da NOVA ORTOGRAFIA

Saiba o que mudou na ortografia brasileira
por Douglas Tufano
(Professor e autor de livros didáticos de língua portuguesa)

O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995.

Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.

Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente sobre as novas regras. Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação com questões teóricas.

Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser:
A B C D E F G H I J
K L M N O P Q R S
T U V W X Y Z


As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como eraComo fica
agüentaraguentar
argüirarguir
bilíngüebilíngue
cinqüentacinquenta
delinqüentedelinquente
eloqüenteeloquente
ensangüentadoensanguentado
eqüestreequestre
freqüentefrequente
lingüetalingueta
lingüiçalinguiça
qüinqüênioquinquênio
sagüisagui
seqüênciasequência
seqüestrosequestro
tranqüilotranquilo


Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como eraComo fica
alcalóidealcaloide
alcatéiaalcateia
andróideandroide
apóia(verbo apoiar) apoia
apóio(verbo apoiar) apoio
asteróideasteroide
bóiaboia
celulóideceluloide
clarabóiaclaraboia
colméiacolmeia
CoréiaCoreia
debilóidedebiloide
epopéiaepopeia
estóicoestoico
estréiaestreia
estréio (verbo estrear)estreio
geléiageleia
heróicoheroico
idéiaideia
jibóiajiboia
jóiajoia
odisséiaodisseia
paranóiaparanoia
paranóicoparanoico
platéiaplateia
tramóiatramoia


Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

Como eraComo fica
baiúcabaiuca
bocaiúvabocaiuva
cauílacauila
feiúrafeiura


Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como eraComo fica
abençôoabençoo
crêem (verbo crer)creem
dêem (verbo dar)deem
dôo (verbo doar)doo
enjôoenjoo
lêem (verbo ler)leem
magôo (verbo magoar)magoo
perdôo (verbo perdoar)perdoo
povôo (verbo povoar)povoo
vêem (verbo ver)veem
vôosvoos
zôozoo


4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como eraComo fica
Ele pára o carro.Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte.Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo.Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos.Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra.Comi uma pera.


Atenção:
- Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

- Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

- É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
co-herdeiro
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos:
aeroespacial
agroindustrial
anteontem
antiaéreo
antieducativo
autoaprendizagem
autoescola
autoestrada
autoinstrução
coautor
coedição
extraescolar
infraestrutura
plurianual
semiaberto
semianalfabeto
semiesférico
semiopaco
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos:
anteprojeto
antipedagógico
autopeça
autoproteção
coprodução
geopolítica
microcomputador
pseudoprofessor
semicírculo
semideus
seminovo
ultramoderno
Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:
antirrábico
antirracismo
antirreligioso
antirrugas
antissocial
biorritmo
contrarregra
contrassenso
cosseno
infrassom
microssistema
minissaia
multissecular
neorrealismo
neossimbolista
semirreta
ultrarresistente
ultrassom

5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos:
anti-ibérico
anti-imperialista
anti-inflacionário
anti-inflamatório
auto-observação
contra-almirante
contra-atacar
contra-ataque
micro-ondas
micro-ônibus
semi-internato
semi-interno

6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos:
hiper-requintado
inter-racial
inter-regional
sub-bibliotecário
super-racista
super-reacionário
super-resistente
super-romântico

Atenção:
- Nos demais casos não se usa o hífen.
Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
- Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r:
sub-região, sub-raça etc.
- Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.


7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos:
hiperacidez
hiperativo
interescolar
interestadual
interestelar
interestudantil
superamigo
superaquecimento
supereconômico
superexigente
superinteressante
superotimismo

8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos:
girassol
madressilva
mandachuva
paraquedas
paraquedista
pontapé

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:
Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.

O diretor recebeu os ex-
-alunos.

Resumo - Emprego do hífen com prefixos

Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h:
anti-higiênico, super-homem.

Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
- Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
- Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
- Sem hífen diante de r e s Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.
- Com hífen diante de mesma vogal:
contra-ataque, micro-ondas.

2. Prefixo terminado em consoante:
- Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
- Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
- Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Observações
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
circum-navegação, pan-americano etc.
3 O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc.
6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen:
ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.

Fonte: http://michaelis.uol.com.br/novaortografia.html
9 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

Apresentação de Monografia - Convite

Caros amigos,

Este é um convite para a apresentação e defesa da minha monografia de conclusão de curso.  Segue abaixo maiores informações, será um prazer recebê-los.

Título: A Importância da Educação Cognitiva no Processo de Inclusão Escolar
Data: 10/12/2008
Orientador: Profa. Mestre Regina Leal
Local: No auditório da Faculdade de Educação da Universidade de Minas Gerais.
Endereço: Rua Paraíba , 29 Bairro Funcionários - Belo Horizonte/MG (Próximo ao Hospital João XXIII).
Horário: 9:30 hs 

RESUMO DA MONOGRAFIA:

A monografia aborda os paradigmas legais e teóricos que sustentam o conceito de inclusão social e suas implicações educacionais, bem como a possível importância da educação cognitiva para esse processo.  A investigação tem por objetivo geral abordar a importância da educação cognitiva e programas educacionais inerentes a essa perspectiva, que possam facilitar o desenvolvimento de sujeitos com dificuldades educacionais especiais.  Como objetivo específico, concentra-se em uma experiência realizada in loco no Instituto de Educação de Minas Gerais, uma escola pública da rede estadual que se encontra situada na região central de Belo Horizonte, caracterizada pela alta diversidade de seu público.  A referida experiência deu-se em sessões de mediação cognitiva com alunos da referida instituição, que apresentavam evidentes dificuldades de aprendizagem.  A pesquisa foi norteada por teorias do desenvolvimento como a epistemologia genética de Jean Piaget; a abordagem sócio-cultural[1] de Lev S. Vygotsky e principalmente as teorias da modificabilidade cognitiva estrutural e a experiência da aprendizagem mediada desenvolvidas por Reuven Feuerstein, que sintetizou as duas teorias anteriores.

Palavras-chave: Inclusão; aprendizagem; educação cognitiva; mediação; Reuven Feuerstein.



[1] Adotamos a terminologia usada por Alex Kozulin

3 de dez. de 2008 | By: @igorpensar

Hinê MaTôv (Quão Bom!)

Essa é uma sugestão do meu amigo Tiago Murillo, a versão mais incrível que já ouvi em minha vida, do clássico salmo Hinê MaTôv Umanaim Shêvet Achim Gam Yachad (Quão bom e agradável é que os irmãos estejam unídos).  Vale a pena ouvir, mesmo!  E por favor, preste a atenção na voz do solista (como se fosse necessária a observação). ;  )