27 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

Entenda o Conflito Rússia x Geórgia - II

Novamente os oráculos de Jeffrey Nyquist

Sua reflexão parte de um pressuposto lógico, a Rússia está jogando, e a Europa está dançando ao som do balé. A OTAN está dividida pelo interesse no gás russo, afinal o segundo maior óleoduto do mundo (que está na Geórgia) está em risco, e litros de óleo bruto estão fazendo no mar negro.

As previsões de Jefrey e outros especialistas, o mundo caminha para a descentralização do ocidente, como detentor da hegemonia política internacional.

Bom para pensar...

Igor Miguel
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A Rússia joga e o Ocidente sai dividido
por Jeffrey Nyquist em 27 de agosto de 2008

Fonte: http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6837&language=pt

© 2008 MidiaSemMascara.org

Quando uma civilização começa a perder os laços de coesão, a primeira ação é sempre interna. Essa ação é oculta, espiritual e não é observada pelo público. O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho recentemente apontou para o fato de que a Civilização Ocidental produziu mais pessoas “educadas” do que temos posições para elas. Na verdade, nós as educamos além de sua inteligência, dando-lhes ferramentas avançadas demais para o seu caráter, colocando fora do alcance delas uma vida simples, de trabalho maçante, mas satisfeita. Em outras palavras, produzimos uma horda de inteligências impotentes, furiosa porque sua educação principesca não pode render-lhes nem somas principescas, nem um reino.

Quando uma civilização já está bem adiantada no caminho do auto-esfacelamento, os bárbaros pressentem a crescente fraqueza do Império. Eles se reúnem nas fronteiras. Eles forçam, ameaçam e se inquietam. No início da semana [passada] o presidente da Rússia, tendo invadido e saqueado um pequeno país, advertiu que a Rússia esmagaria qualquer um que se pusesse em seu caminho. A linguagem ameaçadora foi usada com respeito à Polônia e Ucrânia. Em resposta a isto, a OTAN se dividiu. Alguns estados membros não tinham o desejo de considerar a Rússia culpada pela invasão, pois a Rússia lhes fornece gás natural e petróleo.

É engraçado como as coisas terminam. O preço do petróleo deverá subir novamente. Há um oleoduto avariado, vazando no Mar do Norte e o segundo maior oleoduto do mundo, foi danificado na Geórgia. É engraçado também, e muitos vão achar que é uma coincidência, mas um patriota ucraniano recentemente me explicou que os preços da energia caíram ao fundo logo antes da explosão do reator nuclear em Chernobyl, em abril de 1986, liberando uma nuvem radioativa que se espalhou pela Europa. As pessoas que passaram por essa experiência não têm muita vontade de construir usinas nucleares. Que melhor propaganda poderia haver para o gás natural russo? E agora a Europa depende do gás russo.

O Ocidente está ideologicamente dividido. Entre nós, há demasiadas pessoas que acreditam nas mentiras russas. Acreditamos, no nosso jeito simplista de pensar, que a minúscula Geórgia provocou a poderosa Rússia. Nem nos preocupamos em descobrir o que realmente aconteceu. Aqui vão apenas algumas indicações de que Moscou planejou tudo muito antecipadamente: (1) no mês passado, o exército russo fez exercícios de simulação de invasão a um pequeno país; (2) a Rússia chamou de volta a Moscou os seus embaixadores para uma reunião em 15 de julho, a fim de discutir um novo conceito de política externa ligado à necessidade de “defender” os povos de língua russa em países não especificados; (3) os representantes de Moscou na Ossétia do Sul evacuaram mulheres e crianças de etnia russa antes de iniciar intenso bombardeio a vilarejos georgianos; (4) a artilharia da Ossétia do Sul abriu fogo às onze da noite (23h:00min), enquanto a artilharia georgiana só reagiu após o meio-dia (12h:30min); (5) colunas mecanizadas russas já estavam se movendo para dentro da Geórgia antes do avanço georgiano na Ossétia do Sul, em 8 de agosto; (6) os russos estavam mobilizando navios de guerra no Mar Negro antes da suposta “agressão georgiana”; (7) sites georgianos na Internet estiveram sob intenso ataque russo antes do início das operações militares.

Quanto a este último ponto, o New York Times publicou um artigo de John Markoff, intitulado Before the Gunfire, Cyberattacks [Antes do Bombardeio, Ataques Cibernéticos]. De acordo com Markoff, “semanas antes das bombas caírem sobre a Geórgia, alguém estava atacando os servidores da web georgianos”. De especial interesse é o detalhe: “uma torrente de dados direcionados contra os sites do governo da Geórgia continha a mensagem: ‘win+love+in+Russia’ [vitória+amor+na+Rússia]”. Ataques posteriores colocavam a imagem de Hitler próxima ao presidente georgiano Saakashvili no site do parlamento georgiano. Os ataques russos aos sites georgianos começaram “já em 20 de julho, com a barragem coordenada de milhões de acessos... que sobrecarregaram e efetivamente fecharam os servidores de Internet georgianos”.

Você continua achando que foi a Geórgia que começou a guerra?

Tão incrível quanto possa parecer, os especialistas russos em desinformação querem que você acredite que Dick Cheney [vice-presidente dos EUA] provocou a guerra. Em 14 de agosto, a TV russa serviu uma dose venenosa do Dr. Sergei Markov, um importante cientista político do Kremlin. De acordo com Markov, Dick Cheney quer ajudar John McCain a vencer a eleição em novembro. Para este fim, Cheney estaria tentando começar uma nova Guerra Fria com a Rússia. Com uma atmosfera de Guerra Fria, McCain derrotaria Obama nas urnas. Markov ainda afirmou que os Estados Unidos estariam engendrando um conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia.

Enquanto os russos queimam e pilham cidades e vilarejos da Geórgia, estrangulando a sua economia até o ponto do colapso, o mundo livre estremece. Tal como observou amargamente um analista americano, “Os europeus deixaram transparecer sua capitulação total à Rússia, e os russos sabem disso. O Kremlin examinou a alma da Europa e descobriu – que não há alma nenhuma”.

De acordo com o New York Times, a Casa Branca subitamente descobriu que a liderança russa é “enganadora e evasiva”. Onde é que essa gente estava nas últimas nove décadas? Quando foi que o Kremlin deixou de ser outra coisa que não “enganador e evasivo”? Mas nada é mais exasperante do que os comentários recentes do Secretário de Defesa Robert Gates, de que “não estava prevendo um retorno à Guerra Fria”. Mas a Guerra Fria nunca acabou, Sr. Gates! O lado russo meramente repetiu o experimento soviético da NEP [Nova Política Econômica] de Lenin. Aquilo que Moscou fez nos anos 1920 foi realizado em escala maior nos anos 1990. Será que esses sovietólogos americanos têm algum senso comum, de qualquer espécie, ou os requisitos econômicos de nossa cultura comercial sobrepujaram de tal forma o senso comum estratégico, que reconhecer o próprio inimigo já se tornou algo impossível para eles?

Ainda conforme o Secretário Robert Gates: “Minha opinião é de que os russos estão... interessados em reafirmar o status de grande potência ou de superpotência da Rússia... nas suas tradicionais esferas de influência”. Uma correção é necessária neste ponto. Os russos estão interessados na destruição dos Estados Unidos.

É hora de entender com o que estamos lidando.

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Tradução: MSM


19 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

Uma Religião Para a Rotina

Por Igor Miguel

Renunciei, desde então, àquele fenômeno "religioso" que não passa de uma exceção, de um realce, de um destaque, de um êxtase; ou ele renunciou a mim. Eu nada mais possuo a não ser o cotidiano do qual nunca sou afastado. O mistério não se revela mais; desapareceu ou então instalou sua moradia aqui, onde tudo se passa da forma como se passa. Não conheço mais outra plenitude a não ser a plenitude da exigência e da responsabilidade de cada hora mortal [...] Não saberia dizer muito mais. Se isto for religião, então é simplesmente tudo, o tudo singelo, vivido, na sua possibilidade de diálogo. Há também aqui espaço para as mais altas formas de religião. Como quando tu rezas e com isto não te afastas desta tua vida, mas, pelo contrário, é justamente na prece que o teu pensamento se refere a ela, nem que seja apenas par entregá-la; assim também no inaudito e no surpreendente, quando, de cima, és chamado, és requisitado, eleito, investido de poderes, enviado; é a ti, com este teu pedaço de vida mortal, que isto diz respeito, este instante não está disto excluído, ele se apóia naquilo que se foi e acena ao que ainda resta por viver; tu não és engolido por uma plenitude sem compromisso, tu és reivindicado para o vínculo de uma comunhão (Martin Buber [foto ao lado], 2007).

A transição existencial encarada por Buber nesse texto me impressiona. Sua coragem, sua posição diante do hermético mundo religioso, e como faz uma releitura de sua fé, estendendo-a à vida. Nesse ponto Buber decide, que uma religião que não alcança a rotina, o dia-dia, a trivialidade, deve ser renunciada. O êxtase, a sobrenaturalidade, a transcendência e a tendência do homem viver uma experiência religiosa deslocada da vida, não religa. Religare real, cria vínculos, pactos, relacionamentos verticais e também horizontais.

Uma religião que não conecta o homem a uma vida dialógica, que não toca no outro, ou não escuta o outro, não é religião. O isolamento, o individualismo e a sectarização é tão desumana como o coletivismo, a massificação e a uniformidade dos indivíduos (devo essa reflexão ao amigo Guilherme de Carvalho). Na religião comunitária, há um chamado, uma reivindicação à comunhão, aos vínculos e à troca.

A idéia é resgatar uma liturgia para a existência, uma halachá (hb. modo de andar) que transforme a rotina em serviço de veneração, que restitua o homem e imprima na trivialidade sua imagem, a imagem de Deus. O desafio é esse, foi essa mesma angústia que levou Buber à vida, resgatando-o do mistério e do isolamento espiritual.

"... e as ensinarás diligentemente a teus filhos, e falarás a respeito das mesmas, quando estiveres deitado em tua casa, quando estiveres andando pelo teu caminho, quando te deitares, e quando te levantares, e as atarás como sinal nas tuas mãos, e serão por frontais entre os teus olhos, e as escreverás nos umbrais da tua casa e nas tuas portas..." (A Torá - Deuteronômio 6).

Sim o 'mistério instalou-se aqui' onde moro, ando, vivo e trabalho. Nesse novo templo da vida, Ele toca em tudo, em todas as coisas e participa ativamente da existência humana.

Assim, as coisas não passam desapercebidas, pois sua orientação está diante dos meus olhos, nos umbrais dos prédios públicos, em meu sono e ao som de meu despertador, ele está posto na mesa e em meu café-da-manhã.

Assim, as coisas se religam e se reconciliam. Mistério da reconciliação!

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Referência Bibliográfica

BUBER, Martin. Do Diálogo e do Dialógico. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2007.
14 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

Intérpretes do Mundo

Por Igor Miguel

Existem ao menos duas posturas do homem diante do mundo: a ingênua e a hermenêutica. Porém, antes de definir os sujeitos envolvidos nessas duas posições existenciais, vale a pena definir a que "mundo" me refiro.

A palavra mundo acabou por se tornar um termo genérico, do tipo 1001 utilidades. Era de se esperar, que uma palavra com tanto peso, tão universal, tão abrangente, alargaria seu sentido para outras esferas.

Mundo
tem conotações muito específicas de acordo com o jargão que é utilizado. Se tal expressão é usada por geógrafos, astrônomos, filósofos, cientístas sociais, teólogos, psicólogos, matemáticos, biólogos, físicos ou químicos, ela vai se transmutar de acordo com a demanda e a estrutura semântica envolvida em cada uma dessas explicações.

Porém, mundo nesse texto, assume um sentido um tanto multidisciplinar, algo a-paradigmático, talvez. Pensa-se em mundo como a realidade chamada objetiva. O mundo da rotina, do trabalho, das relações sociais, da liturgia, dos ruídos, do diálogo e do monólogo.

Esse mundo de imagens, de cenas, de um enredo caótico, aparentemente desorganizado, alienante. Hora verde, hora cinza, hora negro, hora branco e hora azul. Mundo de luzes e de trevas, de tantos gestos, um palco.

O ingênuo é aquele que passa por isso tudo, sonolento, adormecido, entorpecido e desatento. Amarra-se à rotina, responde a seus empurrões como um gado açoitado por aguilhões. Move-se, mexe-se, desloca-se, alimenta-se e permanece ali, em silêncio, inconsciente.

O mundo para o ingênuo, não é mundo, é um vácuo amorfo, um quadro branco, sem cores, sem vida, apenas aquilo que passa tão rápido que não dá pra ver.

O hermenêuta é um outro sujeito. Homem que lê o mundo (Paulo Freire), que lê a vida, que vê as cores do arco-íris na folha branca. Ele sabe que o óbvio não é tão óbvio assim. O hermenêuta é o intéprete, aquele que decodifica, que ouve as vozes da vida, que procura sentido nos gestos mais banais, que entende o aceno das folhas, discute as frases da vida, recorta sentenças no vento e procura evidências de sua existência.

O hermenêuta aprendeu decriptografia, a arte de quebrar a senha, de burlar a esfera sólida através de suas fissuras. Imagens não são imagens, são recados muito bem dados, e ele sabe ler. O hermenêuta não ouve simplesmente, ele compreende e apreende as entrelinhas, as frases óbvias, resgata da angústia respostas, nem sempre reconfortantes, quase sempre angustiantes. Mas, as lê, sem medo. O único medo que tem é da surdez e da cegueira. O único medo que tem é da ingenuidade, de se vê apático diante de um mundo que precisa ser compreendido, julgado, criticado e pensado.

O ingênuo diz: - Por que ler, se posso ver tudo?
O hermenêuta responde: - Como podes ver, se nem tudo está escrito?
12 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

Entenda o conflito Rússia x Geórgia

Bem, muitos chegam a mim e pedem uma explicação sobre o conflito entre Rússia e Geórgia, segue um artigo sobre o assunto, que realmente vale a pena ler. Tudo que Jeffrey Nyguist escreve tem um tom apocalíptico, o que me fascina. Mas, não é aquela escatologia mítica, é racionalizada.

De qualquer forma, gostei do artigo, ele me fez pensar...
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A Rússia invade a Geórgia
por Jeffrey Nyquist em 11 de agosto de 2008

Fonte: http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6799&language=pt

© 2008 MidiaSemMascara.org

No momento em que estas palavras estão sendo escritas, tropas mecanizadas russas deslocam-se contra a República da Geórgia. As lideranças georgianas foram tomadas de surpresa. Elas não imaginavam que os russos iriam tão longe. Portanto, há perguntas a serem feitas: por que a Rússia está invadindo a Geórgia agora? Qual o resultado de uma guerra entre Geórgia e Rússia?

Alguns observadores declararam que a Rússia não se atreveria a invadir a Geórgia. Tal invasão os deixaria atolados numa infindável luta contra guerrilheiros georgianos. Mas, do ponto de vista do Kremlin, este resultado não seria necessariamente mau. Primeiramente, a supressão de forças desorganizadas é sempre possível se o invasor for persistente e determinado. Na Chechênia, a determinação do Kremlin permaneceu inabalável e brutal durante quase nove anos. Ninguém acha que a Rússia perdeu a guerra na Chechênia.

Durante a II Guerra Mundial, um dos generais de Hitler se queixava dos guerrilheiros russos. Hitler corrigiu o general. Combater guerrilheiros era um sinal de vitória, explicou. Significava que as principais forças do inimigo estavam derrotadas. Significava que as perdas da Alemanha seriam comparativamente menores. Apenas aqueles que não podem manter posições em ações de guerra regular escondem-se em cavernas e ocultos sob vegetação rasteira, atiram em comboios. Em termos totalitários, a ação russa é inteiramente racional.

Uma coisa é certa: a invasão russa, se continuar, marcará uma virada. Por que os russos estão agindo de maneira tão ousada? É possível especular que a ação russa tem a ver com o preço do petróleo, considerando que o segundo mais longo oleoduto do mundo passa através da Geórgia. E este ponto deve ser considerado. Mas mais do que tudo, a invasão causa impacto nas relações entre Estados Unidos e Rússia, e de forma decisiva: ela muda a atmosfera política na Europa e no Extremo Oriente, em Washington, Londres e Tóquio. Os estrategistas do Kremlin já sabem que a economia mundial caminha para um período de problemas. Isto significa crescente fraqueza política nos países democráticos.

Os Estados Unidos já estão enfraquecidos em muitas frentes. Em termos estratégicos, este pode ser o momento perfeito para que a Rússia rompa com os Estados Unidos. Pode ser que nunca haja outro momento melhor para retratar os EUA como se estes fossem um agressor imperialista. Os formuladores da política externa americana há muito consideram que a Rússia é um país amistoso. Eles supõem que discordâncias podem ser resolvidas e que a paz prevalecerá. Não houve qualquer preparação verdadeira para uma renovada Guerra Fria. Os políticos ocidentais apresentam as seguintes perguntas: por que os russos atirariam no próprio pé? Por que prejudicariam suas próprias oportunidades econômicas? Mas estas perguntas interpretam mal a situação real.

Os russos percebem as fraquezas dos Estados Unidos: primeira e principalmente, a falta de vontade e determinação dos americanos em bombardear o Irã. Depois, os americanos irritaram os sauditas ao montar uma democracia xiita no Iraque. Os americanos enfureceram os turcos quando apoiaram os curdos no Iraque. Os americanos enfraqueceram a OTAN ao nela permitirem o ingresso de demasiados países influenciados pela FSB/KGB. As lideranças russas provavelmente sentem que é chegada a hora de virar tudo. É chegada a hora de revelar as fraquezas americanas. O que fará o presidente Bush? Quando você estiver lendo estas palavras, a Casa Branca provavelmente terá emitido uma declaração condenando a invasão russa. Mas tropas americanas serão enviadas à Geórgia?

Quanto às justificativas morais que estão sendo armadas pelo Kremlin, são necessárias algumas palavras. A alegação de Moscou quanto a uma limpeza étnica levada a cabo pelos georgianos em Ossétia é tão cínica quanto é hipócrita. Só é preciso dar uma olhada no que aconteceu na Chechênia. As atrocidades russas naquela parte do mundo são notórias. A questão real é que as lideranças georgianas se desfizeram dos grilhões que as atavam à Moscou e alinharam-se aos Estados Unidos. Ainda que não haja nenhuma aliança formal entre os Estados Unidos e a Geórgia, os dois países aproximaram-se. Há assessores militares americanos na Geórgia. A fronteira da OTAN está localizada logo ao sul [ver mapa: a Turquia é membro da OTAN]. O ataque russo a Geórgia pode ser uma forma de testar a OTAN. Pode, de fato, levar ao desmembramento da OTAN.

Os Estados Unidos mandariam tropas à Geórgia?

Prevendo os eventos, os russos há muito vinham acusando os americanos de tentar empurrar a Rússia para fora do Cáucaso. Propagandistas russos disseram que os ocidentais estão ávidos pelo petróleo da região (i.e., os campos petrolíferos de Baku). Chegaram a alegar que foram os Estados Unidos que fomentaram a guerra na Chechênia, buscando destruir a própria Rússia. Isto é ridículo, é claro, mas o nacionalismo russo se agita com alegações desse tipo.

Percebendo a proximidade do Azerbaijão ao Irã, deve-se especular sobre o fato de que uma guerra entre Irã e Estados Unidos estava fermentando já por três anos. Ao invadir a Geórgia, os russos estão assegurando ao Irã sua disposição de confrontar os Estados Unidos. Invadindo a Geórgia, os russos estão exacerbando a crise global de energia ao fortalecer todas as forças antiamericanas no Oriente Médio.

E o preço do petróleo não tem a ver apenas com o petróleo. Tem a ver com comida, com o dólar americano e a política de projeção de poder. Os ocidentais, porém, ficam sempre “mistificados” quando os russos parecem agir de forma contrária a seus próprios interesses econômicos (como se interesses econômicos fossem os únicos interesses existentes). É verdade que a Rússia se beneficiou dos altos preços da energia. Mas muito significativamente, a Rússia se beneficiaria ainda mais quando de um colapso do dólar americano.

Em toda equação estratégica as perdas são relativas. Se você está um pouco machucado e seu inimigo aleijado, você obteve uma grande vitória. Afinal, guerra é uma questão de aceitar danos assim como de causar danos. E uma guerra entre os EUA e Rússia tem sido o jogo esse tempo todo. Somente o lado americano tem consistentemente se recusado a reconhecer esse fato. Em Washington, auto iludiram-se quanto às intenções estratégicas de longo prazo da Rússia. E mesmo agora, continuarão a iludir-se. Autoridades no assunto irão se desconcertar e quebrar a cabeça para entender a invasão russa a Geórgia. E talvez os russos venham a recuar, já tendo obtido alguma concessão significativa de Washington. Nestas primeiras horas, é difícil prever.

Se prestarmos atenção à retórica russa e às ações russas ao longo dos últimos nove anos, descobriremos um padrão. Nos meses recentes, os russos vinham agindo como se desejassem provocar um rompimento com os americanos. Eles querem colocar-se aberta e honestamente do outro lado da cerca. Se houver um conflito global em qualquer lugar do mundo, o governo russo quer tomar o lado do inimigo dos Estados Unidos. Na Venezuela, na África, no Oriente Médio, no Extremo Oriente, os russos querem renovar a confrontação entre o Leste e o Ocidente.

E desta vez eles pretendem levar a melhor.



Nota da Editoria:

Lutas separatistas na Ossétia do Sul e na Abkhazia dividem a Geórgia. A Rússia apoiou a ambos os movimentos para proteger seus interesses na área.

Cronologia:

1991: a União Soviética se dissolve e a Geórgia conquista a independência. A violência irrompe quando a Ossétia do Sul tenta se separar da Geórgia.

Julho de 1992: O presidente russo Bóris Yeltsin media um cessar-fogo, mas manda uma “força de paz” russa para a Ossétia do Sul.

1994: Um cessar-fogo imposto pelos russos dá um fim ao conflito na Abkhazia. Tropas russas são lá acantonadas permanentemente.

Agosto de 1995: O presidente georgiano Edward Shevardnadze escapa por pouco de uma tentativa de assassinato presumivelmente planejada pelo governo russo. Ele sobrevive a outro atentado em fevereiro de 1998.

Setembro de 2006: Milícias da Ossétia do sul disparam contra um helicóptero que tinha á bordo o ministro da defesa da Geórgia e que voava sobre a zona de conflito georgio-ossetiana.

Fonte: GlobalSecurity.org

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

8 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

Brasil e Israel Assinam Acordo de Cooperação em Educação

Fonte: B'nai B'rith

O Ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad , e a Ministra da Educação de Israel, Yuli Tamir, assinaram um acordo para cooperação bilateral na área de Educação. A assinatura foi durante o seminário "Instituições para Inovação", realizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. O Acordo concretiza o desejo mútuo de fortalecer laços científicos, acadêmicos e intelectuais manifestado por ocasião da visita do Ministro da Educação do Brasil a Israel, em fevereiro de 2006. Nessa perspectiva, o instrumento dará maior amparo oficial e institucional à cooperação já existente entre os dois países, elevando o patamar das relações bilaterais.

O acordo aborda os seguintes pontos de interesse entre os dois países:

* estudos recíprocos sobre Brasil e Israel, incluindo idiomas;
* troca de experiências sobre políticas, práticas e materiais educacionais;
* inovações e novas tendências na educação;
* incentivo a programas de intercâmbio educacional entre os dois países, com programas de graduação, pós-graduação, Mestrado e Doutorado e intercâmbio entre centros universitários e de pesquisa;
* informações e intercâmbio para aplicação de novas tecnologias à área de educação;
* programas para inclusão social em educação, principalmente em programas para educação infantil e adulta;
* educação ambiental e rural em regiões semi-áridas;
* treinamento técnico e educação profissionalizante;
* educação a respeito do Holocausto e contra o racismo, a xenofobia e a intolerância.

Ministra da Educação de Israel visita São Paulo

Yuli Tamir - ministra da Educação de Israel esteve em São Paulo para uma rápida visita. A programação teve início pela manhã, quando a ministra acompanhada pela embaixadora Tzipora Rimon foi conhecer a Escola ‘Céu Azul da Cor do Mar’, localizada na zona leste da Capital, onde foram recebidas pelo secretário municipal de Educação, Alexandre Alves Shneider; Flavio Goldman, da Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de S. Paulo; por Anita Schuartz, representando o secretário municipal dos Esportes Walter Feldman; pela gestora da instituição Bernardete de Lourdes Álvares Bigoto, pelo presidente da CONIB- Jack Terpins, pelo vice-presidente executivo da Fisesp- Ricardo Berkiensztat, pelo diretor executivo da CONIB- Luiz Sergio Steinecke.

A ministra entrou nas salas de aula, onde foi calorosamente cumprimentada pelos alunos e professores, percorreu as principais instalações do lugar, conhecendo o refeitório, sala de informática, quadras poliesportivas, piscinas e teatro, onde foi apresentando um pequeno show de danças folclóricas brasileiras, finalizando com um jogo de capoeira com alguns versos de música em hebraico.

Bem impressionada com o que viu, a ministra prosseguiu para um almoço com lideranças comunitárias. No final da tarde, aconteceu uma visita ao Colégio Beit Yaacov, onde a ministra falou aos presentes, bem como participou de uma homenagem do magistério judaico à mora (professora) Miriam Smaletz z’l, (de abençoada memória) e também do lançamento do método Migdalor para o ensino do hebraico, e da apresentação do Projeto Playground,uma parceria entre Israel Shelanu, do Fundo Comunitário e as escolas judaicas. Encerrando a programação na cidade, foi oferecido um jantar para a ministra Yuli Tamir, com a presença de dirigentes comunitários.
4 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

ENTRE O SUJEITO E O PREDICADO

Por Igor Miguel

Você já se perguntou porque uma árvore em condições naturais não morre de fome? Por que os pássaros não passam necessidade? Por que um cão não tem crise existencial e se suicída? A resposta não é tão simples, mas tem raízes profundas na ética monoteísta.

Segundo a ética monoteísta, cuja origem remonta o patriarca Abraão, o mundo e tudo que nele existe, existe por causa de leis que determinam relações corretas entre as coisas e os seres. Células sobrevivem por causa de leis químicas que estabelecem trocas com um conjunto de outras células e orgãos, em uma complexa rede de permutas e relações que a estabilizam e a equilibram.

A tendência dos fenômenos naturais e físicos ao eqüilíbrio, opera-se justamente por causa da complexidade de leis e regras relacionais inerentes às propriedades físicas da matéria, que quando operam umas com as outras, elaboram uma grande estrutura de permuta de forças e entropia, até que toda estrutura desfrute da estabilidade.

Uma pedra aparentemente estática, tem mais energia e fluxo de relações do que se pode imaginar, não é em vão que é necessária grande energia para tirá-la de sua estabilidade, por exemplo o uso da dinamite.

O que me impressiona é que esta estrutura legal que permeia os fenômenos naturais, origina-se da idéia monoteísta de um Deus que governa todas as coisas integralmente. Por ele ser um, todas as coisas tendem à unidade, à integridade e ao mutualismo. Diferente da tendência positivista de fragmentação da realidade em partes para chegar-se à compreensão do todo, no pensamento monoteísta, as partes interagem, formando uma grande unidade estrutural, pois é da natureza de um Deus criador e único, imprimir sua unidade na diversidade da criação. O monoteísmo reconcilia paradoxos, não é monista e nem dualista.

Incrível como a ciência ocidental, se devidamente analisada, esbarra em uma filosofia teísta que paradoxalmente explora a unidade da diversidade e a diversidade da unidade. Esse fluxo de parte para o todo e do todo para as partes, que manifesta o conceito de um Deus que criou com PALAVRAS.

Ele interpolou o verbo entre o sujeito e o predicado, animou o mundo pela palavra, deu movimento... No princípio era o verbo. Imprimiu regras gramaticais entre as coisas, e as coisas se relacionaram, as partes se conectaram, e tudo começou a pulsar por sua Palavra.

Os físicos estudaram palavras, os químicos estudaram palavras, a ciência estudou palavras, as leis que permeiam todas as coisas, o código, o DNA que ELE imprimiu em uma realidade que revela o que Ele é, e permite as pessoas experimentá-lo além do número, gênero e grau.

Voltando à pergunta inicial: Por que as plantas e os animais em seus habitat natural não sofrem das angústias dos homens? A resposta é só uma: O homem de alguma forma está fora de seu habitat, se rebelou contra as leis que determinam como ele deve se relacionar com as coisas, com o mundo que o cerca, com as outras pessoas e os animais. O homem é um ser anômico, anárquico e solto, uma alma penada deslocada da estrutura que o beneficia. Todos os seres o fazem por instinto natural, mas o homem não o faz por sua rebelião. Sua insistência em se manter por fora, baseado no suposto discurso de liberdade e autonomia, mandou-o para o cativeiro do vazio.

Só há uma forma desse homem voltar a existir que é colocar o verbo entre o sujeito e o predicado.

3 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

I Conferência L'Abri Brasil - Espiritualidade & Comunidade

O blog Pensar... indica com certeza!

I Conferência L'Abri Brasil - Espiritualidade & Comunidade - 15-17 de Agosto em São Sebastião das Águas Claras - MG

Preletores:

- Andrew Fellows (Diretor L'Abri Inglaterra)
- Guilherme Carvalho (Obreiro L'Abri Brasil)
- Rodolfo Amorim (Obreiro L'Abri Brasil)

Quero destacar o workshop de meu amigo e cientista social André Tavares do blog contra-senso que tratará o tema: "Um abrigo para eles...", considerações sobre L'Abri, a espiritualidade e a comunidade judaica. L'Abri Brasil, ainda quando era um projeto (pró-L'Abri) tem possibilitado diálogos importantíssimos sobre a relação judaísmo x teologia reformada.

Para maiores informações clique aqui.