31 de jul. de 2008 | By: @igorpensar

Suicídio cultural

por Jeffrey Nyquist em 23 de julho de 2008

Resumo: O Último Homem de Fukuyama é um especialista, um inseto na colméia, um não-ente, um burocrata – com falsas noções de nobreza que invertem o elevado e o baixo. O Último Homem está enredado na lógica descendente do igualitarismo: ele não mais aspira a nada, não mais olha para coisas mais altas. Seu olhar se fixa para baixo, na sarjeta, e não até o Paraíso no alto.

© 2008 MidiaSemMascara.org

A colunista britânica Melanie Philips[1] teme que a Guerra ao Terror esteja sendo perdida. Em 2006, ela publicou um livro intitulado Londonistan [Londonistão], que delineia a crescente ameaça islâmica e a débil reação britânica. Entre os seus insights você encontrará a seguinte acusação contra a política cultural britânica (que se aplica igualmente aos Estados Unidos): “A Grã-Bretanha tornou-se uma sociedade decadente, enfraquecida por alarmantes tendências na direção do suicídio social e cultural”.

Você sabe, estamos todos destinados a viver numa “aldeia global” e a nação é um obstáculo em nosso caminho. Somos encorajados a nos tornarmos “multiculturais”. Ao mesmo tempo, os ideais nacionais são rotulados como culpados pela xenofobia, pela guerra e pelo racismo. Uma utopia igualitária toma o centro do palco. Portanto, Deus e o país devem ser enxovalhados. Em meio a essa nova “revelação”, não há nenhuma surpresa no fato de que nossa cultura tenha se tornado uma contracultura; que nossas tradições sejam atacadas abertamente pelos descontentes com procuração outorgada sabe-se lá por quem.

Certa vez, na pequena cidade de Dewsbury, [West Yorkshire, Inglaterra] ocorreu uma batalha amarga, “quando os pais de vinte e seis crianças brancas recusaram-se a mandá-las para uma escola pública primária cuja maioria dos alunos era muçulmana”, e sobre a qual se tinha a idéia de estar “privilegiando a cultura asiática e muçulmana”. De acordo com Philips, “Dezoito anos mais tarde, Dewsbury acordou para o fato de que tinha sido o lar... de Mohammed Sidique Khan, aparentemente o líder dos ataques a bomba de 7 de julho de 2005, em Londres”.

O que devemos entender disso? É muito simples: o sistema britânico perdeu seu instinto de autopreservação, pois permite que estrangeiros imponham idéias estrangeiras aos cidadãos nascidos na Grã-Bretanha. De acordo com Philips, “Este colapso da autoconfiança nacional surgiu de uma combinação de coisas”. Em especial, brotou do advento do niilismo europeu e do igualitarismo. O establishment britânico, nas palavras de Philips, tornou-se “particularmente vulnerável à ideologia revolucionária da esquerda, que dominou o mundo ocidental nos anos 1960 e 1970 e no cerne da qual repousam os ódios aos costumes e tradições da sociedade ocidental”.

Para aqueles com olhos para ver, a gravidade da situação tornou-se dolorosamente aparente durante os anos 1980 – quando os conservadores estavam ocupados demais congratulando-se a si mesmos pelas vitórias que não obtiveram. Ronald Reagan foi um bom líder, mas o ambiente cultural que o circundava já estava saturado de relaxantes produtores de ilusão. Enquanto a Doutrina Reagan era proclamada pelo presidente, quase não era apoiada pela nação ou pela burocracia em Washington. Portanto, não é nenhum acidente que uma defesa eficaz contra mísseis russos intercontinentais jamais tenha sido posta em prática, que a retirada soviética do Afeganistão já anunciasse a emergência da Al Qaeda, que Daniel Ortega retomasse a Nicarágua, que Jonas Savimbi perdesse a guerra civil angolana para os comunistas, que a África do Sul caísse nas mãos do CNA[2], que o Congo se tornasse igualmente comunista, e ainda a Venezuela, a Bolívia, etc.

Quem realmente venceu a Guerra Fria? Parece incrível considerar a idéia; mas talvez seja mais do que jamais possamos compreender: a história é algo que não aconteceu contada por pessoas que não estavam lá. Os anos 1960 trouxeram mudanças sinistras, os anos 1970 trouxeram crise, mas, nos anos 1980, tudo se submeteu sob o estandarte “Morning in America”.[3]

Considere a realidade: o trombeteado retorno aos valores tradicionais foi, em grande medida, fraudulento. A queda do comunismo foi projetada m Moscou. As escolas públicas ficaram piores e piores. O crescente comércio com a China foi um câncer. Um presidente com a memória cada vez mais fraca foi cercado e minado por renegados e apaziguadores em sua própria administração. “Aqueles que não conseguem lembrar o passado”, escreveu George Santayana, “estão condenados a repeti-lo”. E não era apenas a memória do presidente que falhava. Os próprios Estados Unidos tinham desenvolvido Alzheimer. De que outra forma podemos explicar a popularidade do clamorosamente confessional livro de Francis Fukuyama, The End of History and the Last Man [O Fim da História e o Último Homem]?

Aqui encontramos uma racionalização do hedonismo através dos tempos, e uma razão para esquecer o Holocausto, para esquecer os açougueiros marxistas dos campos da morte do Camboja, para esquecer o Gulag soviético, o massacre da Praça Tiananmen, o legado totalitário e negar a sua prontidão para acontecer de novo. O Último Homem de Fukuyama é um especialista, um inseto na colméia, um não-ente, um burocrata – com falsas noções de nobreza que invertem o elevado e o baixo. O Último Homem está enredado na lógica descendente do igualitarismo: ele não mais aspira a nada, não mais olha para coisas mais altas. Seu olhar se fixa para baixo, na sarjeta, e não até o Paraíso no alto.

Ainda que muitos dêem de ombros ou riam, é inegável que um punhado de estadistas manteve o Ocidente. Onde estão esses estadistas agora? Os pais conscritos do antigo senado deram lugar ao Último Homem. A confusão reina enquanto o governo americano ignora a primeira lição da política do século XX: não subestime o mal. Os críticos do governo, porém, de forma tola, ignoram a segunda lição da política do século XX: apaziguar o mal promove o mal.

E o que acontece quando o bem é confundido com o mal? Fiquem ligados e assistam ao que acontece. De acordo com Melanie Philips, o britânico médio pensa “que os Estados Unidos são a fonte de todo o mal, que George W. Bush é um criminoso de guerra maior do que Saddam Hussein jamais foi e que Israel oferece uma ameaça à paz mundial”. Isso seria chocante, mas nós já sofremos tantos choques. Estamos entorpecidos e sobram poucos sentimentos. Talvez já seja mais tarde do que imaginávamos. Talvez a duradoura aliança entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos tenha acabado. Qual o apelo, qual a correção, que remédio ainda há para essa estupidez crônica? Philips está certa ao dizer que “a Grã-Bretanha tornou-se uma sociedade decadente“. Mais que isso, ela ainda acrescenta: “A implacável demonização dos Estados Unidos e de Israel pela mídia britânica serviu como um poderoso agente de recrutamento para a jihad...”.

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Tradução: MSM
[1] NT: Melanie Philips escreve na The Spectator, uma das mais prestigiosas revistas britânicas, ainda relativamente conservadora e onde Paul Johnson também tem coluna fixa.

[2] NT: Congresso Nacional Africano, organização comunista liderada por Nelson Mandela.

[3] NT: Slogan político em 1984 que, em sua versão completa, equivaleria a algo como “O redespertar da América: mais orgulhosa, mais forte, melhor”.

Barack Obama around the world.

Barack Hussein Obama Jr, ganha o favoritismo internacional, depois de sua recente turne pelo mundo. Naturalmente, o mundo está cansado de um EUA protecionista e preocupado em manter o old american style. Os conservadores se tornaram obsoletos, e infelizmente o EUA não é branco já tem muitos anos. Os EUA é o retrato de um mundo cada vez mais mestiço, mais globalizado e mais estrangeiro. Obama consegue sintetizar tudo isso, não é em vão que seria o presidente americano eleito pelo mundo. Não sei se votaria nele, mas todos querem novos ares, novo tempo e uma nova política americana. De "novo" só há um candidato. Só há um candidato que fale alguma coisa além do velho discurso americano. Essa campanha, o havaiano e atual senador de Illinois acertou, e como acertou!

Que sua oração feita no Kotel HaMaravi (Muro Ocidental de Jerusalém) seja sincera! Veja essa vídeo:



28 de jul. de 2008 | By: @igorpensar

Grupo de estudo (DF): AUTISMO E CONDUTAS ATÍPICAS

Aos interessados em aprofundar suas investigações sobre autismo, e principalmente os residentes no Distrito Federal, indico o curso abaixo de minha amiga e aluna de teologia Vanessa Vilaça. Tenho certeza que vocês se surpreenderão com sua significativa experiência com crianças autistas.

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Segue abaixo maiores informações:

O grupo de estudo: AUTISMO E CONDUTAS ATÍPICAS é uma oportunidade imperdível para estudantes e psicólogos interessados no atendimento de crianças especiais. A Psicóloga Vanessa Vilaça tem experiência no atendimento de crianças autistas e atualmente investe profissionalmente na especialização nessa área. Os encontros acontecerão semanalmente, sempre às terças-feiras, de 19:30 às 20:50h.

Horário: 19/08 até 02/12
19:30 às 20:50
Preço: R$ 40,00

SRTVS Quadra 701 - Bloco O - Sala 216 - Ed. Novo Centro Multiempresarial
Brasília-DF

Informações: (61) 3202-2852 - superinfancia@superinfancia.com.br
[Maiores Informações - Super Infância]
17 de jul. de 2008 | By: @igorpensar

O que a mediação não é.

Por Igor Miguel

Comumente ouve-se o uso dos termos "mediador" ou "mediação" em educação. E esse uso "popular" pode infelizmente banalizar o profundo significado de tais expressões.

Comumente professores e educadores usam o verbo "mediar" como uma palavra diferente para ofuscar o que no fundo não passa de mera transmissão de conteúdos escolares. Muitas vezes esses conteúdos são transmitidos sem a mínima problematização, sem significado para o aluno, e ainda assim, chama-se isso de "mediação".

Antes de dizer o que é mediação, é importante dizer o que a mediação não é.

1) Mediação não depende de conteúdos curriculares formais para acontecer.
2) Mediação não é instrução.
3) Mediação não é formação.
4) Mediação não é mera problematização de algum conteúdo.
5) Mediação não implica em uma posição do docente como "animador" ou "estimulador".
6) Mediação não é qualquer tipo de interação entre professor e aluno.

Trataremos cada um deles, justificando a negativa:

1) Mediação não depende de conteúdos curriculares formais para acontecer.

A mediação é acima de tudo cultural, pois opera-se na malha simbólica no ato de decodificar o mundo, seus símbolos, suas impressões. Mediação ensina o mediado a pensar o mundo a partir de um repertório de valores específicos. Existem ferramentas psicológicas específicas para tratar os dados coletados a partir de realidades e situações específicas. A mediação está profundamente ligada à educação cognitiva, que não é necessariamente dependente da educação formal. Vygotsky já havia demonstrado que a instrução nem sempre acompanha o desenvolvimento cognitivo do aluno. Em outras palavras, um currículo que não é orientado tendo em vista o desenvolvimento cognitivo do aluno é desprovido de valor mediador. O que não significa que um professor não se aproprie de "propriedades" inerentes ao conteúdo formal (por exemplo propriedades matemáticas, biológicas, quimícas, etc) e a partir delas estimular seus alunos cognitivamente, ensinando-os a pensar a partir da lógica formal e das funções cognitivas envolvidas na apropriação de certos saberes. Porém, nesse caso, o conteúdo torna-se mero instrumento mediador, mas a mediação real opera-se pelo professor e não pela simples transmissão ou exposição de certo conteúdo ou matéria escolar.

Recentemente uso o termo "meta-disicplinar" para deixar claro a educadores, que mediação opera-se além das disciplinas, no pano de fundo. Para pensar certo conteúdo escolar, é necessário refletir sobre: Como o pensamento opera por trás deste conteúdo? Quais operações mentais são exigidas em certa disciplina escolar? Porém, postulo que tais ferramentas do pensar, podem ser fornecida independente do conteúdo formal e seu uso seria apenas alternativo. Mediação é essencialmente meta-disciplinar, ela está antes do conteúdo, na verdade é o princípio ativo do pensamento necessário para se aprender qualquer coisa dentro ou fora dos limites do currículo formal escolar.

2) Mediação não é instrução.
Dentro de uma abordagem vygotskiana, instrução seria a educação formal, a educação escolar baseada em conteúdos. A instrução pode ser mediadora, o que depende mais do professor do que da natureza da instrução per si, mas a mediação não depende da instrução a priori. Obviamente, no esforço de um bom professor em fazer que um determinado conteúdo seja compreendido por seu aprendiz, ele ensina seu aluno a pensar, embora o faça intuitivamente, ocorre algum tipo de interação mediadora ingênua, mas ainda assim, a mediação não opera-se pela "instrução formal". Pois para que haja mediação, é necessário certo grau de intenção do mediador.

Como discutido anteriormente, a mediação articula-se intra, extra, trans e meta-disciplinarmente. Um pai pode mediar seu filho, um avô pode introduzir seu neto a certos padrões mentais, um sábio ou mesmo um líder religioso fornece significados e destaca certos estímulos da realidade, introduzindo o aprendiz a certas ferramentas cognitivas.

O pensar respeita critérios, por isso é de natureza "crítica", pois problematiza a realidade a partir de regras lógicas. O pensamento procura organizar o mundo, tornando-o cognoscível. Mediar seria então fornecer ferramentas psicológicas para que o sujeito compreenda, interprete e decodifique o mundo e os estímulos que o rodeiam. O que está muito além da educação institucionalizada.

3) Mediação não é formação.

Formar é outra palavra que está no vernáculo pedagógico, mas seu uso está bem próximo do senso comum. Formar assume várias conotações, e geralmente é usada completamente desprovida de clareza ideológica ou teórica. Quando um professor diz: "Eu educo para formar o aluno". Ele não diz absolutamente nada. Pois formar significa forjar ou moldar alguém ou alguma coisa, e se a educação pretende ser um conhecimento de natureza formadora, deve-se inevitavelmente delimitar que formação se pretende, ou que tipo de "sujeito" se pretende "criar" e a partir de que valores ideológicos. Clareza ideológica significa explicitar uma formação para a cidadania, para o mercado de trabalho, para uma vida ética, para a vida espiritual-religiosa, para uma consciência ambiental e outros.

A formação é um fim, um objetivo educacional, enquanto a mediação opera-se no pensamento, submersa ao processo formativo. Naturalmente, uma educação formadora é provocadora, inventora do homem e em sua complexidade estão envolvidas diversas frentes pedagógicas, inclusive a educação cognitiva, que prestaria um excelente serviço nesse aspecto. Mas, ainda assim, não se pode considerar a mediação formadora no sentido mencionado, ela reside em lugares mais profundos.

4) Mediação não é mera problematização de algum conteúdo.
Uma aula pode ser problematizadora o que não significa que ela seja necessariamente mediadora. A interrogação é um elemento presente no ato mediador, é uma das diversas ferramentas lógicas presentes no ato mediador. A arte de perguntar é fundamental para uma boa mediação, a pergunta produz um desconforto cognitivo, um tipo de instabilidade nas estruturas do pensamento, o que permite o reajuste e a abertura dos esquemas mentais. Piaget faz uma brilhante pressuposição sobre a tendência das estruturas cognitivas à equilibração e a fechar-se em sua própria estrutura. Por outro lado, isso não significa que essas estruturas não possam ser alteradas, ou nas palavras do teórico, enriquecidas. O enriquecimento estrutural do pensamento é possível e a problematização é um excelente instrumento para pôr à prova a provisoriedade de certas relações que fundamentam o pensamento.

A diferença entre a problematização utilizada em uma aula formal e a problematização mediadora, é que a última preocupa-se em provocar o pensamento, tem uma intenção modificadora das estruturas cognitivas. Enquanto a primeira preocupa-se em provocar a curiosidade e o pensamento do aluno em favor de um problema disciplinar específico. Por exemplo, um professor ao perguntar a seu aluno: Por que o Brasil não é um pais desenvolvido? - tem uma intenção disciplinar. Quando um professor, que tem intenções mediadoras, ao estudar por exemplo "As propriedades do triângulo retângulo", pergunta: "O que são propriedades?" e generaliza-a a outras situações da vida ou a outras disciplinas, faz uma pergunta essencialmente mediadora, pois introduz seu aluno ao procedimento correto, à intenção metodológica, ao uso de ferramentas verbais como organizadores e mais ainda, transcende o significado de tal expressão a outras realidades. Esse é um procedimento tipicamente mediador, pois preocupa-se com a consciência metacognitiva do aluno, e não simplesmente com o sucesso da transmissão de certo conteúdo.

5) Mediação não implica em uma posição do docente como "animador" ou "estimulador".
Certas tendências pedagógicas modernas posicionam o docente (professor) como um "animador" ou "estimulador" de processos educacionais espontâneos. O chamado "construtivismo piagetiano" que de piagetiano tem muito pouco, tem essa tendência ao propor uma aprendizagem "espontânea" ou um certo "desenvolvimento espontâneo", em que o professor é apenas um provocador ou organizador das atividades, para que o aluno por si só possa se desenvolver naturalmente.

Mediação e docência se esbarram, porém a mediação convida o docente a assumir uma posição mais ativa. Isso não significa diretividade, o que remonta paradigmas conteudistas, mas clara intencionalidade pedagógica. O mediador não é alguém ingênuo, ou alguém que se coloca fora do processo mediador. Ele se envolve afetivamente e subjetivamente no desenvolvimento de seus mediadores. Mediação é uma experiência antropológica de troca, de permuta cognitiva e de alteridade. Esse deslocamento implica em compreender como o pensamento de seu aprendiz funciona. O que significa também que o mediador deve fundamenta-se em um bom programa de educação cognitiva como o PEI e fundamentar-se em profundo conhecimento teórico para estimular seus aprendizes.

6) Mediação não é qualquer tipo de interação entre professor e aluno.
Segundo Reuven Feurstein, para que uma interação seja considerada mediadora são necessários pelo menos 3 elementos:

1) Intencionalidade e Reciprocidade
2) Construção de significados
3) Transcendência da realidade concreta

A intencionalidade é a clareza do mediador, sua parcialidade e sua consciência sobre o ato mediador. Um estímulo ou uma relação humana pode não ser mediadora, quando desprovida de intenção, do pressuposto de que se quer modificar ou introduzir alguém ao pensar criterioso. Reciprocidade refere-se ao feedback, a resposta do aprendiz e a consciência de que seu mediador tem uma intenção, essa consciência pode ser percebida quando o mediando responde voluntariamente os estímulos de seu mediador interagindo com ele.

Por construção de significados compreende-se uma postura problematizadora e instigadora do mediador. Principalmente quando conduz seu aprendiz para além da superficialidade dos estímulos da realidade, antes provoca seus sentidos, sua percepção e seu pensamento, na interpretação dos significados dispostos em um livro, um texto, uma placa de trânsito, uma frase, uma música, não importa, o mediador provoca seu aprendiz para que compreenda o mundo a seu redor de forma significativa. O que significa inclusive, a apresentação de ferramentas verbais de um vocabulário aplicado de forma precisa e delimitado à situações específicas. Palavras como classificação, propriedade, característica, organização, estratégia, análise, inferência, tornam-se além de simples expressões, poderosas ferramentas na organização do pensamento em campos semânticos e esquemas de significados cognitivos.

Uma interação mediadora tem ainda como importante característica a transcendência, que é a obstinação do mediador em transformar uma experiência imediata de seu aprendiz em uma experiência universal. A lógica que opera em determinada experiência pode ser aplicada em outras situações distantes no espaço e no tempo, e que as regras de um determinado "jogo" podem ser utilizados em diversas situações. O elemento educacional reside justamente na superação do imediatismo cognitivo, do aqui-e-agora, para uma inteligência histórica e universal.

Conclusão

A melhor forma de definir o que é mediação, para evitar o uso inadvertido de tal expressão, é delimitá-la dentro de seu território teórico. Infelizmente a aversão de docentes e professores à teoria educacional tem produzido profissionais do senso comum, sem identidade, ao invés de profissionais que se valorizam e valorizam a pedagogia como ciência da educação. Este valor significa bom fundamento epistemológico, bom conhecimento científico e filosófico, e a ruptura radical com qualquer ideologia ingênua que procure desalojar a boa fundamentação teórica dos limites da educação.

A mediação introduz sujeitos ao mundo do raciocínio, da subjetividade e da cultura, ensina ao aprendiz a ler a realidade a partir de critérios fundacionais. Não basta receber os estímulos da realidade, não basta ser empurrado pelos ruídos de uma aula, é necessário fornecer ferramentas para que o aprendiz decodifique as palavras, os gráficos, os mapas, os números, o tempo e a vida.

Mediação é assumir que o modelo epistêmico e idealista de um sujeito que aprende na relação direta com o objeto não é real. Que realmente precisamos de outros para aprender, precisamos construir o conhecimento juntos, e sermos introduzidos na vida por um professor. A mediação devolve a posição que o docente jamais deveria ter perdido. O novo paradigma é que o homem aprende na relação intersubjetiva e não inter-objetal.
16 de jul. de 2008 | By: @igorpensar

Joseph Israel e Matisiyahu

Um encontro apocalíptico entre dois cantores de reggae pós-modernos. Joseph Israel (judeu-messiânico) e Matisiyahu que dispensa comentários.

Depois visitem o MySpace do Joseph Israel, vale a pena ouvir um reggae de excelente qualidade.

E claro, o site do homem: http://www.josephisrael.com/

Jah vive!


2 de jul. de 2008 | By: @igorpensar

Rotina, Férias e Amém.

Por Igor Miguel

A rotina é interessante. Rouba nosso tempo, afoga-nos nos papéis e nos trâmites legais, e tira aquilo que nos é essencial, o poema, o amor, a inspiração, uma boa leitura e a vida. A rotina tem o péssimo costume de arrancar nossos sentimentos, de nos posicionar como estranhos e de brutalizar o homem.

Sinceramente, não sou muito poeta, mas quem já não teve vontade de ir para um lugar arejado? Para uma planície verde em contraste com um céu azul de entontecer. Sabe aquele céu azul, sem nuvens, que remete nossa infância? Pois é, esse lugar pode ser bem melhor do que onde estamos.

Esgotar minha vida naquilo que não me aproxima dos céus, ou que transgride o cheiro-de-mato, é frustrante. Dói-me ver-me longe do jardim, das cores e dos assobios do ventos entre as folhas da cazuarina.

A civilização roubou o poema, a rotina arrancou o sonho, tirou a fé e esvaziou nossa imaginação, aquela que tínhamos quando criança. Ou ainda a temos?

Quero correr descalço, sentir o vento, pular no mar azul e encostar meu corpo sobre uma boa rede. Quero o ócio, os tempos de nostalgia, para renovar minhas forças e voltar à rotina inevitável com um pouco da paciência que contraí da natureza e de um tempo que de tão bom, parece sem fim.

Quero pedalar minha velha bicicleta, quero ver meu pai com seus "trambolhos" e velhos brinquedos, quero enfim lembrar que tenho família e que é possível ser gente, e viver a gentileza da gentil mãe que diz: Bom dia!

Puxa, é bom ser feliz, é gostoso dizer amém, e continuar vivendo o final da oração como se não terminasse.

Acho que férias é assim, um tempo, um bom tempo para dizer... Amém! E adeus (ou até logo) à velha rotina.