25 de nov. de 2007 | By: @igorpensar
:: Pessoa, Indivíduo e Sujeito ::
Achei interessante postar aqui, uma atividade provocada por minha professora de didática, que incrivelmente nos introduzido ao mundo da síntese. Acho que este é uma exercício interessante. Tente você mesmo definir pessoa, indivíduo e sujeito. Alguns terão dificuldades, outros perceberão que buscamos algumas referências de ordem cultural para definir estas esferas. O legal, é que nos confrontamos quando fazemos uma reflexão como essa. Contribua você também colocando nos "comentários" seu ponto de vista sobre estes 3 conceitos. Deixo minhas próprias reflexões sobre o que significa cada um destes termos.

Pessoa
Refere-se à pessoalidade e a esfera ontológica. Diz respeito ao homem como ser relacional, visto por si e por outros. Integrado com o mundo, percebido por si e autoconsciente. Refere-se ao homem como ser inserido em uma malha de significados pessoais e de permuta de subjetividades (intersubjetividade), em contraste esta a impessoalidade, que refere-se a superficialidade e a artificialidade das relações humanas, o homem desprovido de existência, solitário. A impessoalidade pode ser ilustrada pelo filme Tempos Modernos de Chaplin, que ilustra as mazelas do homem moderno, sua angústia no deserto de homens, onde não está só por falta de pessoas, mas por falta de pessoalidade nas relações de trabalho e existência. A privação de pessoalidade, pode provocar uma vazio ontológico (existencial), uma angústia de ordem psicoemocional em que o sujeito questiona sua existência.

Indivíduo
Refere-se a personalidade, a singularidade do ser. O indivíduo, enquanto entidade única, a individualidade. Refere-se a identidade, aquilo que determina uma pessoa como "única" em relação aos outros. A individualidade está profundamente ligada a percepção de si, como ser construído historicamente (Marx), pelo discurso (Foucault) ou pelos efeitos do inconsciente (Freud), cada abordagem filosófica ou científica, determina a construção da identidade dentro sua abordagem, ou em cada tempo o zeitgaist que o determina. Em uma abordagem que combina a antropologia cultural e o pós-estruturalismo, o sujeito é produto dos diversos discursos, ou de sua relação (interativa) entre à malha simbólica (a dimensão cultural) e suas estruturas subjetivas (do indivíduo). O homem interpreta a realidade a partir dos diversos discursos, da palavra posta, das "verdades" produzidas e legitimadas, através de complexas relações de poder. O sujeito tem sua individualidade determinada pelas falas produzidas por outros e a partir de sua própria interpretação de si no mundo.
A individualidade diz respeito também, aquilo que me difere do outro, a diferença esta profundamente ligada a individualidade, seu oposto, a fragmentação da identidade, tem raízes na concentração demográfica, na ênfase na coletividade e na corporatividade na modernidade. Sendo assim, o desconforto inevitável, é sentir desprovido de individualidade e identidade. Principalmente, quando se cumpre uma diversidade de papéis na complexa estrutura cultural da modernidade.

Sujeito
Refere-se no racionalismo cartesiano ao res cogitas (ser pensante); no materialismo histórico refere-se ao sujeito que lida com o trabalho; no positivismo e no empirismo refere-se ao ser que captura e experimenta a realidade (objeto) a partir de suas experiências sensoriais. Na Gestalt é aquele sujeito que recebe as impressões da realidade e as percebe não por sua essência, mas por suas impressões. Na antropologia, no existencialismo e no pós-estruturalismo, refere-se ao intérprete, aquele que lê a realidade a partir de sua cosmovisão, de sua estrutura de valores e significados. O sujeito é sempre aquele que aborda, aquele que pensa, aquelo que prescruta e cogita sobre a realidade. Paulo Freire faz uma crítica relevante ao aspecto que o termo sujeito fala de alguém submetido, sujeito à realidade. Sua abordagem sob influência do materialismo histórico e do humanismo cristão, propõe um sujeito ativo, ou seja, agente da realidade, que intervém na história, e não é somente determinado por ela. De qualquer forma sujeito está ligado à binarismos do tipo sujeito-objeto, sujeito-realidade, sujeito-cultura, sujeito-estímulo e sujeito-mundo. Há elaborações ou desdobramentos destas relações, como sujeito-mediador-estímulo (Reuven Feuerstein - construtivismo sócio-interacionista) ou ainda, a relação sujeito-sujeito (relação dialógica ou intersubjetiva) como sugere o filósofo Martin Buber (que influenciou Paulo Freire e sua pedagogia do diálogo). De qualquer forma "sujeito" está sempre ligado àquele que pensa, interage, age ou recebe os efeitos da realidade. O termo sujeito está presente na epistemologia, e na elaborações sobre como se conhece a realidade (gnosiologia).